sábado, 5 de setembro de 2015

Traduza-me.

Eu queria escrever. Mas não tenho nada de bonito sobre o que escrever. E não quero mais falar das coisas que doem. Mas então eu tenho os dias de sol, os dias com nuvens, os dias de chuva. Tenho um cover de uma velha música muito boa tocando na vitrola mas não tenho nenhum vinho barato, acabou o cigarro e eu nem sei se fumo mais. Tenho bocejos de sono mas não tenho sono.
Eu queria escrever sobre algo bonito, uma poesia enigmática, um clichê barato, frase de botequim, o que viesse primeiro. Algumas pessoas conseguem isso tudo, algumas pessoas não conseguem nada disso. E tem eu, que fico no meio disso e daquilo. Às vezes é bom, noutras vezes pesa, outras vezes acho até que dói. Uma eterna confusão. Eu queria saber mais, entender mais, viver mais. Sobreviver menos.
Eu queria ter algo bom para escrever, algo sobre suspiros e a falta de ar, algo sobre uma coisa física doida de controlar, um frio no estômago, um aconchego no coração. Vai ver eu apenas queira o que todo mundo quer: um amor que me consuma, paixão e aventura e até uma dose de perigo. Vai ver eu apenas queira sentir algo diferente desse nada.
E todos sabem né: nada é apenas uma palavra buscando tradução.
Talvez eu só espere quem vá ser capaz de me traduzir.
Traduza-me.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Um pouco muito de saudade o tempo todo.

Às vezes eu sinto sua falta. Quando eu ouço Chico ou Caetano ou quando eu vejo alguém com uma garrafa verde de cerveja na mão porque eu sei o quanto você gosta de beber, sinto sua falta quando vou ao seu bairro ou quando acelera um pouco mais rápido meu coração. Sinto saudade de você um pouquinho quando vejo uma poesia em algum lugar, ou quando vejo alguém de cabelo em cima dos ombros ou pela altura do queixo. Sinto um pouco de saudade quando lembro das histórias tão nossas, como naquele dia no metrô que você matou a minha sede na saliva igual ao nosso poeta dizia. Sinto falta do teu sorriso escancarado, da tua saia listrada e do teu dente torto. Um charme. Sinto falta de te olhar nos olhos pequena, e saber que é bem ali onde eu deveria ficar. Com você.
Às vezes sinto sua falta, como numa madrugada feito essa em que me pego sorrindo com uma lembrança nossa, e meu peito quase vira um grão de arroz de tanto aperto. Eu sinto a sua falta um pouquinho. até quando acho que não, até quando penso que deixei pra lá, até quando tento seguir em frente.
Às vezes eu sinto sua falta um pouquinho. Um pouquinho o tempo todo, às vezes quase sempre. Saudade.