sexta-feira, 23 de junho de 2017

pra moça dos textos, dos desenhos, da salada de fruta e do cabelo que tanto gosto.

Deitada em meu pequeno espaço particular que se encontra no escuro do meu quarto eu penso demais em você. Penso mais do que você um dia vai saber, mas tudo bem.

Penso em como seria minha vida com você e ah, o gosto dessa fantasia me parece tão suculento... Vejamos como iria ser:

Seríamos aquele típico casal - que não sabe se é um casal - revolucionário, cheio dos ideais, parecendo ter saído de um filme francês. E não só o azul seria a cor mais quente, como o arco-íris inteiro também.

Nos encontraríamos no pátio da faculdade no meio do dia e gargalhando de qualquer coisa dessas que estaríamos falando com outrem, nos sentaríamos lado a lado e aí pronto: nosso jogo sem perdedor estaria formado. Em meio a risos, eu te diria como é engraçado o fato das suas mãos quase sempre estarem sujas de tinta, - fruto dos teus belos desenhos - e você provavelmente ficaria sem graça ou me bateria. Iríamos flertar até sem perceber que flertamos enquanto qualquer pessoa ao nosso redor perceberia, iríamos nos dar o que aos outros não damos, quando perto, viveríamos em nossa bolha particular, iríamos viver o que sempre sonhamos.

Seriamos aquele casal - que ainda continua sem saber que é um casal - que vai ao cinema juntas e passaria o tempo todo depois conversando sobre as cenas, roteiristas, diretores e outros filmes também. Autores e poemas, livros e arte, a nova peça de teatro que saiu no jornal, textos e gramática, são temas que nunca ficariam em falta em nossas conversas e é claro, falaríamos sobre música e dos meus cantores favoritos que às vezes mesmo sem gostar muito, você acaba sempre ouvindo. E em algum momento em uma noite aleatória qualquer, cansadas de desperdiçar flertes e tempo, depois de algumas doses de coragem, acabaríamos na cama consumando o que já era fato: deveríamos ser. Faríamos farra e festa em nosso próprio mundo, seriamos a nossa própria revolução.

Eu penso muito nisso. Quase sempre pensei. Queria muito isso.

Mas chega de utopismo, falemos das vezes em que me pego pensando em quanta coisa há sobre você que não sei, sobre a tua parte agri que tenho curiosidade de conhecer, pois a doce já conheço de cor e tenho dentro de mim guardada a sete chaves para que ninguém me roube, sobre tantas outras coisas, que eu realmente sempre quis saber. Sempre vi o gatinho quase que indefeso que habita em você mas depois de passado o susto em descobrir que em ti também há um tigre faminto, ele eu também queria ver. Me desculpe soar tão confusa.

Que me perdoe a audácia mas as vezes te imagino totalmente nua, entre lençóis brancos como tua pele, deitada me penetrando com teus olhos de jabuticaba como se fosse um mapa, pronta para que rotas inimagináveis e deliciosas nele sejam traçadas. Queria ser eu a traçar. Deve ser bonito. Me perdoe os devaneios, mas é que tu me despertas sempre a poesia, tudo vira poético quando tem você. E quente. E químico. E afetuoso. Raivoso. Amoroso. Eu viro um processo de quase ebulição quando há você no meio. Tantas sensações. Reticências.

E em meio a tantas coisas bonitas, também me pego pensando em quão desagradável me é ver tuas poesias destinadas a outrem, gostava mais quando era eu. Sempre gostei de ser o objeto do teu fascínio mesmo sabendo que sou uma farsa, que sou ninguém, um nada. Eu fico mais interessante ao teu ver, talvez seja um dom seu tornar tudo melhor do que realmente parece ser. Talvez eu não tenha nada de bom e seja apenas mais uma egoísta, pois não me encanta o fato de sermos sempre o "e se" uma da outra. Eu queria ser o objeto da tua atenção, do teu afeto, do teu amor, mas estamos perdendo sempre tempo. Perdendo tempo com achismos e outras pessoas, perdendo tempo tentando tapar com novos buracos nosso eterno vazio - quase sempre cheio de coisas. Queria mesmo era poder nem que por uma única vez, saber como é tapar a minha boca com a sua e saber que gosto isso tem.

Eu te escrevo mais do que você vai ver mas tem coisas que talvez, você deva saber. Acho que essa é uma delas.
Até a próxima vez.

domingo, 4 de junho de 2017

I'll try.

Você pode me ouvir? Estou afogando em meio a multidão e ninguém mais se importa, incluindo eu. Está ouvindo? Ou você está ocupada demais com outras pessoas para prestar atenção em todas as outras coisas? É, você vai mesmo embora, pegou sua mala, levou só o que era necessário e partiu deixando para trás um porta retrato e todas as lembranças, toda e qualquer memória do que um dia juramos que iria nos salvar. Então vou apenas dizer que eu vou tentar, tentar deixar tudo isso para trás e tirar o peso das minhas costas de que um dia eu fui o erro nessa história. todos erramos, o difícil talvez seja não saber se não houveram culpados ou se todos nós fomos culpados de fato, porque danos, ah, isso todos nós levamos. Mas o que importa agora mesmo? Agora que finalmente nos soltamos de um nó invisível que um dia eu jurei existir. Há tanto para ver, tanto para ouvir e perceber, tanta dor para sentir, tanta solidão para deixar ser, tanta escuridão na espera do dia em que haja uma fresta de luz em meio a todo o caos em que nos tornamos. Você é uma legítima enganadora, até de si mesma e eu sou uma prova disso, não sou? Fui apenas mais uma sabotagem sua e você nem percebeu. E eu que dizia que a mim, você nunca enganou, fui a que o maior tombo levei. Mas não sou quem aponta erros e culpas como sempre fizeram comigo. Pois bem, talvez seja a minha hora de finalmente ser como você, ser finalmente o barco e partir para bem longe das suas coisas natais e tentar deixar de ser o velho e sempre abandonado cais.

Então é, eu vou tentar, tentar deixar tudo isso para trás.
E nunca mais olhar para esse caminho.