Me Chamo Alaska.
paradoxa. escrevo porque não sei o que fazer de mim.
sábado, 24 de fevereiro de 2024
B.R.D.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
entrelinhas do tempo.
os dias tem se arrastado, e o gosto amargo do cigarro, tem sabor das cinzas de abril de dez anos atrás. faz tanto tempo e de tempos em tempos eu revisitava as memórias, como quem abre a porta da geladeira buscando o que comer - ou o que comprar, - como quem anda pela sala de estar empoeirada da sua velha casa de infância e lembra de quandobateu o dedinho na quina do sofá. mas dessa vez não. dessa vez, num dia ensolarado de fevereiro, em meio a uma risada que nem chegou a se completar, a nostalgia se fez tão forte, tão presente, que eu quase posso sentir você aqui comigo de novo. a presença de quando você era por mim e eu por você. e eu, como quem não sabe dançar, deixo a vitrola tocar os mais lindos discos de amor que eu já ouvi: todos sussuram seu nome. e ele é doce de escutar.
já faz muito tempo amor e até eu, que vira e mexe, de tempos em tempos, perco um dia ou dois pra revisitar as memórias, não entendi o que houve dessa vez. é quase como se eu pudesse sentir meu coração pulsar no exato segundo em que me dei conta que era apaixonada por você. então no segundo seguinte, esse músculo vermelho pulsante em meu peito se encolhe ao relembrar da dor que foi ver você partir. uma montanha russa agridoce de emoções que me trilham um caminho, que me leva diretamente a dez anos atrás.
dez.
dez anos.
dez anos atrás.
e toda vez que eu me lembro, parece que foi ontem.
como posso te sentir tão perto, se nunca esteve tão distante?
domingo, 18 de fevereiro de 2024
sua.
sobre as luzes de setembro
contemplo seu rosto,
manchado pelas marcas do tempo
e pelas impurezas do dia-a-dia
teu sol fez marca em minha alma,
seu mar deu sede em meu ventre,
com cada gota salgada
me fez sua como quem nem sente.
sem esforço me teve,
com esforço me fui
e agora antes de ser minha,
para sempre serei sua.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2024
P.
domingo, 23 de janeiro de 2022
toda a solidão do mundo.
acordei numa madrugada depois de ir dormir cedo demais. talvez tenha sido o cansaço que me pegou, talvez tenha sido o excesso de preocupações, talvez seja a minha cabeça que não para de pensar, talvez seja a lágrima que acabou de descer, talvez, talvez, talvezes…
tenho me perguntado muito quando é que eu vou conseguir me achar e parar de tanto me perder, quando é que vou ser amada por alguém, quando é que vou conseguir ser pelo menos um terço do que minha mãe sonhou pra mim, quando é que vou poder dar algum orgulho pra ela, quando é eu vou ter coragem. é mais difícil fazer do que falar e talvez eu seja fraca demais. queria escrever algo bonito sobre esse infinito de vontades e incertezas que trago comigo desde novinha. o problema é que nada de bonito se tem no fracasso. nem na solidão do mundo inteiro que bate aqui no peito, porque dói demais e eu não sei se algum dia vai parar de doer.
talvez eu só devesse me jogar, talvez eu só devesse desaparecer.
algum dia eu hei de saber, até lá, trago em mim toda a solidão do mundo.
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
futura queda.
meia, meia, bota, bota, pé depois de pé e a sensação de que a queda tá logo ali ecoando como o sensor aranha avisando do perigo. mas mesmo assim a gente sai de casa com o peito cheio de esperança de sei-lá-o-quê, torcendo para que seja só mais um engano da nossa cabeça e coração, que desiludidos e cansados de nadar contra a maré tentam nos sabotar para tropeçarmos pelo caminho, já que como numa frase clichê, um joelho ralado dói menos que um coração quebrado. e o que são os cuidados? o que é a intuição tentando nos dizer? o que são as caraminholas na cabeça tentando nos sabotar? eu já não saberia dizer.
talvez o problema seja eu, que vejo romance em cada esquina que encontro, que espero que olhos de afeto me fotografem com o carinho que só quem admira muito alguém pode ter, que espero que minha companhia seja almejada pelos dias todos os dias. mas nunca há esse alguém. provavelmente nunca haverá. talvez eu tenha lido romances demais na vida e esqueci o gosto amargo que a realidade tem. talvez eu não seja desse mundo, talvez eu já tenha nascido quebrada, como um relógio antigo que perdeu uma peça importante mas ainda assim tenta marcar as horas do dia. talvez vocês não saibam nada. talvez vocês saibam de tudo o que eu não sei.
mas o que eu sei é que a queda tá logo ali. provavelmente irei me jogar.
enterrem-me.
terça-feira, 28 de setembro de 2021
lost cause.
eu queria tanto não me importar, não precisar fingir, não ligar.
queria saber mais de você
ao invés de ter que te esquecer.
queria seguir pelas ruas, pelos bares
desvendar cada beco escondido da cidade,
com você ao meu lado.
seria mais fácil sorrir,
a gente se entende tão bem quando você está aqui
e faz tempo que você não está.
não sei porque ainda guardo seu lugar em mim
mas não é como se fosse voluntário
que grande boba poética sou por gostar de você, não?
às vezes acho que amar no fim é sempre em vão.
eu queria que você não quisesse me esquecer,
queria que houvesse qualquer coisa que eu pudesse fazer
mas quando as luzes se apagam e tudo o que fica é o breu do que um dia já foi,
não há mais nada que se possa fazer além de ir.
o problema é que eu queria tanto ficar.
talvez um dia seu telefone sinta saudade de me ligar,
até lá apago seu nome, seu número, não vejo mais seu rosto
por mais que ele seja a obra de arte que eu mais gostaria de olhar.
e por mais que ainda haja tanta coisa que eu poderia fazer,
lutar por dois às vezes é vão
e por mais que me doa,
aprendi que você é causa perdida em meu coração.
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
das coisas que deveriam te mostrar, essa é uma delas.
Eu
tenho escrito um bocado sobre você. E sentido também. E pensado.
Tenho feito tanta coisa sobre você que me pergunto em qual será que
foi o momento em que você se entrelaçou em mim, confesso que nem
percebi e quando finalmente o fiz, já estava amarrada em nós tão
bem dados que nem o melhor dos marinheiros conseguiria desatá-los.
Agora
mesmo acabei de ser atingida por uma pequena horda
de lembranças. Algumas que insistem em me visitar vez em quando,
outras que eu
não já nem lembrava mais. E agora eu não sei o que fazer com elas,
acho que por isso resolvi te escrever. De novo. Pra variar.
Talvez
eu devesse começar falando sobre como é doloroso ver em que pé
estamos hoje em dia
em
horas
como essa, em que sou atingida pela lembrança da maneira que você
olhava pra mim. Talvez case bem com a música do novo fenômeno do
Brasil: “o teu jeito de olhar me beijava a noite inteira e eu já
nem sabia como te deixar.” Porque era exatamente assim que eu me
sentia toda vez que você me olhava daquela maneira, com olhos
brilhando, sorriso no rosto, com olhos de amor. Eu juro que sentia
meu coração ir ao estômago e de repente nenhum órgão dentro do
meu corpo parecia estar no lugar. Eu
me sentia beijada. E amada. E
naqueles milésimos de segundos, completa. Era
difícil conseguir segurar o sorriso naqueles dias. E é doloroso ver
em que pé estamos hoje
em dia.
Eu sei, eu sei meu bem, não se deve cobrar afeto
de
ninguém e eu nem te cobro! Mas é que dói sabe? Dói ver cada vez
que você desperdiça sorrisos com quem não sabe apreciar a forma
que sua boca abre despretensiosamente quando dá
um sorriso de verdade ou
quando desperdiça seu tempo com quem não sabe a sorte que é quando
você está ali, logo ao lado. Dói
ver a forma como não sabem apreciar quando é tão raro ter o teu
gostar. Dói
ver a forma como você se desperdiça em amores que não valem o seu
tempo, seu esforço, seu
sentimento, o seu importar.
Dói te ver sempre assim, não parando quieta em algum lugar porque
está ocupada demais tentando não ficar presa dentro de si porque
chegou num ponto onde você gostaria de estar em qualquer lugar que
não fosse em ti porque
dói demais aí também e dói demais me preocupar com isso todo dia.
Dói você no
fundo não
perceber que merece mais.
Você
merece
o aconchego de dividir a cama e um cafuné sem ter que se preocupar
com nada porque a vida – pra variar um pouco – anda tranquila
demais. Merece alguém que enxergue seus desejos e sonhos e que em
cada um deles esteja ali para te impulsionar, e quando você cair, se
jogue no chão e se levante junto com você. Merece noites de
bebedeiras desenfreadas
com
diversão descontrolada porque você só quer isso: ser
tão livre e feliz ao ponto de sentir em cada átomo da sua pele como
é ser completa. E transbordar. E dói mais ainda saber que
eu podia te dar tudo isso. Ou pelo menos tentar.
Mas
nem tudo é recíproco e em dias como esse, onde as lembranças vem
me visitar é que eu tenho que aprender a lidar com tudo o que eu
sinto por
você dentro
de mim, porque amor é ser e deixar ser, e eu quero te ver voar livre
e solta por aí, com teus cabelos ruivos ao vento. Porque
amar é isso, querer ver a pessoa livre e torcer para que ela queira
ser livre junto com você. E eu torço muito. O
tempo todo.