quarta-feira, 17 de novembro de 2021

futura queda.

 meia, meia, bota, bota, pé depois de pé e a sensação de que a queda tá logo ali ecoando como o sensor aranha avisando do perigo. mas mesmo assim a gente sai de casa com o peito cheio de esperança de sei-lá-o-quê, torcendo para que seja só mais um engano da nossa cabeça e coração, que desiludidos e cansados de nadar contra a maré tentam nos sabotar para tropeçarmos pelo caminho, já que como numa frase clichê, um joelho ralado dói menos que um coração quebrado. e o que são os cuidados? o que é a intuição tentando nos dizer? o que são as caraminholas na cabeça tentando nos sabotar? eu já não saberia dizer.

talvez o problema seja eu, que vejo romance em cada esquina que encontro, que espero que olhos de afeto me fotografem com o carinho que só quem admira muito alguém pode ter, que espero que minha companhia seja almejada pelos dias todos os dias. mas nunca há esse alguém. provavelmente nunca haverá. talvez eu tenha lido romances demais na vida e esqueci o gosto amargo que a realidade tem. talvez eu não seja desse mundo, talvez eu já tenha nascido quebrada, como um relógio antigo que perdeu uma peça importante mas ainda assim tenta marcar as horas do dia. talvez vocês não saibam nada. talvez vocês saibam de tudo o que eu não sei.


mas o que eu sei é que a queda tá logo ali. provavelmente irei me jogar.


enterrem-me.