eu queria tanto não me importar, não precisar fingir, não ligar.
queria saber mais de você
ao invés de ter que te esquecer.
queria seguir pelas ruas, pelos bares
desvendar cada beco escondido da cidade,
com você ao meu lado.
seria mais fácil sorrir,
a gente se entende tão bem quando você está aqui
e faz tempo que você não está.
não sei porque ainda guardo seu lugar em mim
mas não é como se fosse voluntário
que grande boba poética sou por gostar de você, não?
às vezes acho que amar no fim é sempre em vão.
eu queria que você não quisesse me esquecer,
queria que houvesse qualquer coisa que eu pudesse fazer
mas quando as luzes se apagam e tudo o que fica é o breu do que um dia já foi,
não há mais nada que se possa fazer além de ir.
o problema é que eu queria tanto ficar.
talvez um dia seu telefone sinta saudade de me ligar,
até lá apago seu nome, seu número, não vejo mais seu rosto
por mais que ele seja a obra de arte que eu mais gostaria de olhar.
e por mais que ainda haja tanta coisa que eu poderia fazer,
lutar por dois às vezes é vão
e por mais que me doa,
aprendi que você é causa perdida em meu coração.
terça-feira, 28 de setembro de 2021
lost cause.
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
das coisas que deveriam te mostrar, essa é uma delas.
Eu
tenho escrito um bocado sobre você. E sentido também. E pensado.
Tenho feito tanta coisa sobre você que me pergunto em qual será que
foi o momento em que você se entrelaçou em mim, confesso que nem
percebi e quando finalmente o fiz, já estava amarrada em nós tão
bem dados que nem o melhor dos marinheiros conseguiria desatá-los.
Agora
mesmo acabei de ser atingida por uma pequena horda
de lembranças. Algumas que insistem em me visitar vez em quando,
outras que eu
não já nem lembrava mais. E agora eu não sei o que fazer com elas,
acho que por isso resolvi te escrever. De novo. Pra variar.
Talvez
eu devesse começar falando sobre como é doloroso ver em que pé
estamos hoje em dia
em
horas
como essa, em que sou atingida pela lembrança da maneira que você
olhava pra mim. Talvez case bem com a música do novo fenômeno do
Brasil: “o teu jeito de olhar me beijava a noite inteira e eu já
nem sabia como te deixar.” Porque era exatamente assim que eu me
sentia toda vez que você me olhava daquela maneira, com olhos
brilhando, sorriso no rosto, com olhos de amor. Eu juro que sentia
meu coração ir ao estômago e de repente nenhum órgão dentro do
meu corpo parecia estar no lugar. Eu
me sentia beijada. E amada. E
naqueles milésimos de segundos, completa. Era
difícil conseguir segurar o sorriso naqueles dias. E é doloroso ver
em que pé estamos hoje
em dia.
Eu sei, eu sei meu bem, não se deve cobrar afeto
de
ninguém e eu nem te cobro! Mas é que dói sabe? Dói ver cada vez
que você desperdiça sorrisos com quem não sabe apreciar a forma
que sua boca abre despretensiosamente quando dá
um sorriso de verdade ou
quando desperdiça seu tempo com quem não sabe a sorte que é quando
você está ali, logo ao lado. Dói
ver a forma como não sabem apreciar quando é tão raro ter o teu
gostar. Dói
ver a forma como você se desperdiça em amores que não valem o seu
tempo, seu esforço, seu
sentimento, o seu importar.
Dói te ver sempre assim, não parando quieta em algum lugar porque
está ocupada demais tentando não ficar presa dentro de si porque
chegou num ponto onde você gostaria de estar em qualquer lugar que
não fosse em ti porque
dói demais aí também e dói demais me preocupar com isso todo dia.
Dói você no
fundo não
perceber que merece mais.
Você
merece
o aconchego de dividir a cama e um cafuné sem ter que se preocupar
com nada porque a vida – pra variar um pouco – anda tranquila
demais. Merece alguém que enxergue seus desejos e sonhos e que em
cada um deles esteja ali para te impulsionar, e quando você cair, se
jogue no chão e se levante junto com você. Merece noites de
bebedeiras desenfreadas
com
diversão descontrolada porque você só quer isso: ser
tão livre e feliz ao ponto de sentir em cada átomo da sua pele como
é ser completa. E transbordar. E dói mais ainda saber que
eu podia te dar tudo isso. Ou pelo menos tentar.
Mas
nem tudo é recíproco e em dias como esse, onde as lembranças vem
me visitar é que eu tenho que aprender a lidar com tudo o que eu
sinto por
você dentro
de mim, porque amor é ser e deixar ser, e eu quero te ver voar livre
e solta por aí, com teus cabelos ruivos ao vento. Porque
amar é isso, querer ver a pessoa livre e torcer para que ela queira
ser livre junto com você. E eu torço muito. O
tempo todo.
setembro, 2021.
eu tenho me sentido sufocada. sei que devo agir, correr por mais do que tenho, mas me sinto presa com cordas em meu pescoço. queria que o mundo não estivesse sobre meus pés porque às vezes a gente só quer se deixar cair, pois talvez o chão seja mais confortável do que essa sensação de sempre estar andando em corda bamba, podendo cair do precipício a qualquer momento.
talvez as bocas que me amaldiçoam estejam certas, talvez eu nem deveria estar aqui, talvez eu seja apenas mais um erro na matrix do mundo, um cálculo de algo magnífico que deu errado. mas agora estou aqui e eu não sei que caminho seguir. a vida tem me paralizado, os dedos tem me sido apontados, as bocas cospem em minha cara e ainda que todos estejam certos, não vejo ninguém ao redor que me estenda a mão.
e porque estenderiam?
respirar tem sido cada vez mais difícil e ainda que eu precise de aparelhos, preciso aprender a sobreviver sozinha nessa multidão deserta que me encontro, pois por mais que tenha tanta gente ao redor, eu nunca fui tão sozinha assim.
se é se perdendo que se acha, que horas eu vou me encontrar?
domingo, 5 de setembro de 2021
R.
depois daquele diário inventado onde eu fiz um mundo nosso que não podia existir, acho que eu nunca te escrevi nada. e agora ouvindo uma música que me lembra você, é doce o sorriso que surge em meu rosto e as lembranças que povoam a minha mente. não que tenha sido mentira, longe disso aliás, mas aquele tempo soa como mentirinhas bobas contadas ao pé do ouvido, aquelas em que a gente conta porque quer acreditar que tudo aquilo vai dar certo. e eu acho que foi assim que tudo começou.
eu criei um corpo, uma imagem para me camuflar e poder aparecer. mas você apareceu também. de um jeito que eu nem imaginava você surgiu e pergunta por pergunta eu quis que desse certo. mas você não podia saber e assim, desde sempre tudo estava fadado ao fracasso. mas eu ainda lembro das histórias contadas, das horas passadas no telefone, da raiva que eu sentia ao ouvir você me falar de quem podia te ter tão perto e insistia em estragar tudo. lembro do seu encantamento, da gente olhar a mesma lua brilhante como algum tipo de conforto. do jeito em que eu nunca quis te magoar mas insistia em não te largar. lembro de doces frases sendo ditas e daquela música com esse nome também, lembro dos ciúmes e da confusão que foi me revelar. pra você, pra ela, pra mim, pro mundo.
não sei se algo de mal eu causei mas te peço perdão. e eu não me arrependo. não me arrependo de esbarrar o meu caminho no teu. ainda que nossas músicas sejam diferentes, ainda que os milhares de quilometros façam a distância entre nós, ainda que nada seja mais o mesmo, ainda que no tempo não dê pra voltar, apesar de nunca o tê-lo visto, não me arrependo de saber que a lua não seria a mesma sem o teu olhar.