quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Muito Prazer, meu nome é...

Você: por que chegou?
Você: por que fizeste sua bagunça por aqui?
Você: que fez de mim sua válvula de escape.
Você: que escapou sorrateiramente.
Você: que disse sem saber.
Você: que disse sentir sem de fato sentir.
Você: que sempre esteve tão longe. Tão mais longe do que eu podia chegar.
Você: que eu nunca pude alcançar.
Você: que aos invés de querer ficar sempre pensou em ir.
E eu.
Eu: que te adorei, te senti, te vivi, que me fodi.
Eu: que liguei sem você me ligar, que falei sem você falar, que esperei mesmo sabendo que não ia chegar.
Eu: que sonhei alto demais e que agora estou caindo. E caindo...
E você.
Que ainda bem que foi embora, já que eu não quero mais ser a maior otária.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Um Tanto de Mim Pra Você(s).

Não, eu não gosto do silêncio. E não, eu também não gosto da solidão. Não, na verdade eu até gosto e gosto mesmo, sabe? Contudo não é como se eu preferisse eles. Não, eu não prefiro, mas eu sou um paradoxo. Vejam bem: logo eu, que sou do tipo de pessoa que quer ter o maior numero de pessoas que puder ao seu lado para jogar conversa fora e se divertir, me vejo sempre tão só, tão quieta, tão na minha, que não é tão minha assim. Sabe por que? Por que eu quero coisas de verdade, gente de verdade, e eu lhes pergunto: hoje em dia há pessoas e coisas que sejam assim? Eu só encontro o som do silêncio e a companhia da solidão em resposta e em um mundo onde se é assim eis o porque de me refugiar nesses dois "essis." Por isso, sou grande adepta do ditado que diz "antes só do que mal acompanhado" mas não que eu gostaria que fosse assim, eu simplesmente aceitei o fato de que é.
Eis outro fato sobre mim: eu sou diferente das outras pessoas. Não gosto do que elas gostam, não sou como elas são e não aceito o fato de que o mundo não é o que deveria ser e que elas não façam nada para mudar isso. Tenho meu próprio jeito de pensar e não que ele seja o certo, só me parece mais adequado pra que aquela pequenina coisa que as pessoas tanto almejam chamada felicidade aconteça. Não que eu saiba de fato o que é ser feliz mas creio que seria o mais perto disso (como eu disse: sou um paradoxo perfeito). Enfim, logo por isso odeio comparações. Não, eu não sou nem irei chegar perto de ser igual a alguém. Eu sou uma completa perda de tempo rebelde e não há outras pessoas assim. Pelo menos não como eu. Entendam.
Mais um fato: eu sou completamente sentimental e odeio isso. Mas eu também sou um tanto sem sentimentos (voltando a questão do paradoxo). Mesmo não gostando muito de definições, se eu tivesse que me definir, me definiria sendo aquele cara de óculos escuros, tênis "da moda" e jaqueta de couro preta que não liga muito pra nada mas que escreve em seu pequeno caderno em casa. É, é exatamente nisso que me definiria mesmo sabendo que não entenderão o que quero dizer (sou assim: às vezes digo só porque preciso dizer mesmo que ninguém vá entender). E por ser assim me refugiu nas letras e nas melodias. O que me faz entrar em outra parte de mim: Simplesmente ODEIO o fato de eu não poder ser o que eu quiser. Querem saber como eu gostaria ser e de viver? Bem, se eu pudesse eu teria um emprego legal, que me pagasse algo razoável e que tenha haver com algo que eu gosto de fazer. Trabalharia para pagar minhas jaquetas, meus livros e meus shows. Mas o que eu realmente iria comprar seriam meus cigarros e bebidas. Não, eu não fumo. Sim, eu bebo. Eu apenas coloco o cigarro na boca pra sentir outro amargo que não seja o da vida. Eu bebo pra continuar sendo louca, mas uma louca capaz de fazer o que o meu comodismo não deixa fazer. E então é isso, eu gostaria de poder sustentar os meus vícios sem ter que esconde-los ou ter que dar satisfações, contudo, estes são vícios que eu não posso ter por não ter uma vida só pra mim. Ainda. Um dos motivos de me tornar rabugenta. Eu só queria ser e que me deixassem ser.
Bom, depois de divagar tanto cheguei a terrível conclusão de que tudo o que eu disse aqui se resumiria em poucas palavras. E elas são: eu nada mais sou do que um alguém que era ou deveria ser o mais perto do feliz, que se tornou amargamente arisca com o que vê todos os dias. Eu sou (em parte) o inverso do que quero ser por pura opressão de um mundo do qual eu não escolheria viver. E tendo tantas outras coisas a dizer sobre mim, prefiro terminar assim.

Tropicalismo Em Alta.

A gente quer sempre mais do que tem.
A gente nunca tá satisfeito com nada.
A gente não sabe a sorte que tem
Por nem sempre fazer a coisa errada.

A gente luta com nós mesmos
Querendo não ser iguais aos imundos
Mesmo que a luta vá de janeiro a janeiro
A gente tem que limpar todo lixo do mundo.

Eu grito daqui,
Você grita de lá.
Toda podridão aqui
Tem que acabar!

Que país corrupto,
Lixeira do mundo
Que mundo fútil,
Universo moribundo.

Revolução, rebeldia, recomeço.
Algumas regras tem que serem quebradas a qualquer preço.
Regeneração, alegria, compaixão.
Quem sabe assim esse mundo ainda tenha salvação...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Furacão.

Não. Eu não vou atrás de ti e dizer que sinto sua falta porque você sabe. E eu sei que você sabe. O que acontece é que você é covarde, orgulhosa ou despreocupada demais para vir atrás de mim. Ou vai ver você apenas não se importa mesmo. Eu prefiro acreditar que não, e eu sei: quanto mais alto o vôo, maior a queda. E eu acho que voei mais alto do que você merecia que eu voasse. Mas voei. E agora, eu, passarinho indefeso com a asa meio quebrada, sou forçada a voar para longe, assoprada por ti furacão. Então não, eu não vou dizer que abro sua conversa só pra ver a que horas você está ou não mas que não ousei lhe chamar nenhuma vez por pura covardia, medo, anseio, orgulho, magoa ou dor. Não, eu não vou dizer que todas as noites antes de dormir eu sonho eu ir dormir escutando a sua voz ou que eu queria estar onde você está. Não, eu não posso dizer que queria que você sentisse por me deixar tão só porque se eu disser, tenho medo de cair dentro de ti de novo furacão, e nunca mais poder sair...

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Um Adeus Sem Ser.

É, então é isso.
Não sei se chegamos a ser alguma coisa mas é triste saber que nem vamos chegar a ser. Nos tornaremos estranhas de novo uma pra outra e cada uma seguirá seu rumo. Você daí e eu aqui. Você lá e eu cá.
Queria dizer que não houve culpados mas se eu disser estarei mentindo, pois eu acredito que haja: as culpadas fomos nós. Tu por não ser forte, eu por acreditar. Tu, que é uma besta, conseguiu transformar meu carnaval sem sem sal em um tango solitário. Tu. Tão distante de mim que eu não pude tocar e quem me dera eu estar apenas falando dos vários quilômetros entre nós. Tu. E eu. Que nunca chegou ser de fato um "nós" mas que me amarrou melhor do que qualquer corda.
Não sei que caminho iremos tomar, não sei como vai ser com a gente nem o que vai acontecer daqui pra frente mas de uma coisa eu sei: agora sou forte o suficiente para resistir a tentação que é querer ficar atrás de você. Não irei mais, mesmo que resistir me deixe com saudade ou que me mate de vez. Seguiremos nosso rumo e veremos o que vai acontecer, mas se quiser saber antes de tudo, você sabe aonde me encontrar. Tens meu número e muito mais de mim.
Foi bom porque tu me fez lembrar como é sentir de novo, me fez lembrar como é ter um coração bombeando mais do que sangue. Pena que lembrar disso também me fez lembrar o porque de eu ter esquecido.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

...

Sabe o que eu desejo pra ti? Que tu volte pro "teu amor" e que ele te foda bastante. É, quero que tu sofra bastante e que se dane se for ruim de minha parte. Nessas horas é muito conveniente pensar na minha parte, não é? Pois bem, quero que você se lasque, quebre a cara mesmo e não só rale os joelhos... Quero que tu sinta o teu peito tecendo de dor como se estivesse cheio de arame farpado. Quero te ver sangrar. E chorar... Afinal, foi assim que eu lhe conheci. Tentei enxugar teu pranto que insistia em cair por algo que não valia a pena e continua não valendo mas agora quem insiste é você. Insiste numa tecla que não quer bater e por isso quero te ver quebrar. Quero que tu se esfole toda, mesmo! Quero que tudo dentro de ti queime, vire pó. Quero que vire um oco com um enorme nada. Quem sabe assim você aprende. Não consigo entender quem insiste nos próprios erros, não consigo te entender. Só você pode se salvar do naufrágio em que te encontras mas parece que tu é a primeira a não querer ser salva, então que tu morra!
Sei que tu nunca me prometeste nada, mas também nunca disse que tudo era besteira. Então que tu morra afogada e que sinta aos poucos toda a dor tomando conta do teu corpo.
Não me sinto culpada em dizer isso porque eu realmente quero que tudo isso aconteça. Quero que tu sejas bem feliz e que depois conheça toda a dor de uma tristeza e que morra a tua alma no final. E como já disse, não me sinto mal em dizer todas essas coisas, pois se for preciso que tu conheças toda a dor e morra para que tu ressuscite e sejas salva da tua própria idiotice, então que assim seja: MORRA!
Eu lhe diria que estaria ali com você para quando você ressuscitasse, mas acabei de me lembrar que tudo não passava de brincadeira e como todos sempre me disseram: eu não sou mais criança e não posso mais brincar...

domingo, 10 de novembro de 2013

Você Deu Curto Circuito No Meu Coração.

O céu está escuro, já anoiteceu e da varanda desse prédio eu posso ver o bairro inteiro. Ah, como é bonita a paisagem daqui de cima. Ah, como seria bom se você estivesse aqui.
Incrível como tudo me leva a ti. Você está em todos os lugares: no lado vazio da minha cama, quando eu abro os olhos ao despertar pela manhã, no vento que entra pela janela e toca o meu rosto, quando eu faço o chá, quando eu respiro, quando eu faço o almoço, quando eu me agasalho numa noite fria, quando encontro um livro bom, quando escuto uma música que fala de amor, quando eu me deito pra dormir, quando eu fecho os olhos, quando eu olho a cidade pela varanda. Você está em mim. 
E eu? Ah, eu fico na incerteza esperando que avida te trague até aqui.
Minha mente vira sucata quando você não está, e meu sangue vira um circuito elétrico quando sei que posso te ver bem perto, já não sei pensar direto e o meu querer se transformou no seu. Queria eu fazer do meu peito a tua moradia, queria eu morar no teu abraço... Sigo no teu encalço sem saber onde é que isso vai me levar. Espero que seja até a ti.
Eu sou garoa, tu tempestade. Já que não consegui fugir da chuva, agora me encontro toda molhada. Estou inundada de ti. E foi assim, você causou curto circuito em mim.

sábado, 9 de novembro de 2013

equilibrista.

Então é isso. É só o que se pode dizer no momento: é isso. Você precisa de um abraço, eu preciso de um abraço, ninguém recebe nada. Você aí e eu aqui. Vai ver é assim que tem que ser, vai ver não tem que ser coisa alguma. Você não me faz mal, mas me deixa com as pernas bambas e com o coração acelerado como um equilibrista de circo e olha que eu odeio palhaços...
Eu gosto da tua companhia e já não sei se quero viver sem ela mas eu tenho um medo danado de me apaixonar por ti. Porém pensei em você a semana toda. Maldito destino, encontros e desencontros. Eu já estava ficando "bem" e ai você chegou. Com sua armadura de prata derrubando o muro que eu estava mais uma vez a reconstruir. Bah, mas que pilantra tu és, me roubaste de mim mesma para jogar-me em teu labirinto. 
Me equilibro nas tuas entrelinhas procurando não cair em teu precipício. Mas a sensação de que estou em uma queda constante não me deixa. Que bom seria cair em teu peito e ir desvendando teu jeito enquanto tu aprendes o meu... contudo, se a queda for real, eu irei cair bem no meio de um asfalto sangrando mais do que se dez mil arames farpados tivessem delacerado-me ao meio. Não teria super-herói, anjo da guarda, nem mão alguma para me salvar, eu me perderia por completo. Mas ficaria feliz em saber que plantei em teu peito a esperança de um novo mundo...
O problema, é que eu que nunca sequer fui a um circo, continuo a balançar na tua corda bamba, até provavelmente cair. E acredite, eu sei que um dia caírei.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Far From You...

"Você tempestade, me desafia com esses lábios perdidos. Me consome insanamente, nas ranhuras intercalando nossos beijos, brota o estopim do teu rosto marcado entre as inumeras vezes que te deixei a vagar, devagar. Derrama minha bebida e apaga o meu cigarro, audacia de sua parte. Me leva ao oitavo andar do ultimo arranha-ceu daquela imensa cidade, ruas iluminadas apenas por pequenos feixes de luz, eu me perdia nos meus passos, e voce continuava a dançar. Era como se teu olhar, fosse uma câmera que captava todos os meus movimentos, gestos. Você nao hesitava em nao desligar o flash, queria o barulho, algo semi-aceso. Eu queria te jogar do precipicio que aqui dentro, criei. Você tem suas asas, voe. Você faz muito barulho aqui dentro, pare. Pra que gritar? Não está vendo o quanto isso me pertuba? Pare. Pare de fingir que seus labios nao ressecam ao chorar, pare de fingir que seus olhos nao sangram ao tocar a ponta do lapis, numa folha de papel. Pare de fingir tempestades, apenas pare. Mas eu sinto sua falta, sinto muita. Sinto muito. Eu o silêncio, volto a me calar.
De sua querida, Alaska."

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

N

É mais fácil chegar nas nuvens e sentir o passar das estrelas do que prender-te a mim. É mais fácil também debruçar os ouvidos fora da janela e entender a língua dos pássaros do que meu desejo de que tu apareças dando teu sorriso singelo colocando um fim numa eterna espera aconteça.
Não me interessam mais o sol, nem as estrelas, só você. Os passos que dou são pensando em seguir os teus, e eu procuro o porquê de tanto querer.
Não teve hora nem local, uma data certa ou um motivo, simplesmente aconteceu. Agora vivo contando as horas, não suportando a demora, procurando ser procurada, esperando ser encontrada, querendo lhe dar sorrisos. Sempre gostei de minha terra mas me encontro pensando em como seria estar na sua. E nunca antes tinha sido assim. Parece que já ocupas um espaço dentro de mim e em tão pouco tempo me perdi...
Sei que temos nosso romantismo magoado mas dou-te a minha mão se quiseres ser salva deste enorme abismo.
Meus olhos ficam a procurar qualquer vestígio teu e minha mente vive a perguntar se algo em ti será meu. Nunca tive olhos tão claros e o sorriso em tanta doce loucura, creio que o motivo sejas tu. Bagunçaste a bagunça organizada de minha vida tornando-se o impulso que acelera o meu pulso. Não sei se tu entenderás minha poesia esquisita mas se caso não o fizer, saibas que além de querer me embriagar de teus lábios cor de vinho, quero ser a luz pra tua escuridão, o motivo de seus lábios formarem um sorriso, ser quem lhe trás paz.
Não sei como foi sua vida até hoje, mas a partir de agora quero que sejas só alegria.
E mesmo se for errado, até que teu toque seja a minha última lembrança antes de dormir, fico vivendo por um fio. Com medo de não ser quem te faz sorrir...

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Verdades.

O meu rosto de frente pro espelho não esconde as olheiras nem o cabelo despenteado.
Eu já não me reconheço.
Não consigo lembrar de como eu era a alguns anos atrás mas lembro que naquele tempo eu sorria mais. E ria mais.
Não sei se eu era feliz.
Vai ver eu era e não sabia.
Agora me encontro perdida, arrumando casos de botequim e amizades vagabundas tentando encontrar algum consolo.
O mundo gira a 220km por hora e eu só sei caminhar.
Tempestade de momentos dentro de mim.
Lembranças borrões e eu não quero mais lembrar.
Deixei meu passado tentando me encontrar.
Os papéis voaram pela janela.
O vento já não toca mais meu rosto.
O mundo me parece imundo e eu não quero isso pra mim.
Tudo se desencontrou e agora está confuso
Mas não consigo me lembrar de um momento em que não fosse assim.

Sonhando...

Eu já quis ser astronauta, advogada e detetive. Toda criança quer ser algo assim. Todo mundo quer ser quase tudo. Eu já quis ser um monte de coisa. Agora eu quero ser bruxa.
Quero murmurar feitiços, voar em uma vassoura e preparar poções. Nada de nariz grande nem verruga. Quero ser capaz de transformar tristeza em alegria, dor em prazer, solidão em companhia e ser capaz de preencher todo o vazio que puder existir.Tudo se ajeitaria em um passe de mágica. Ou melhor, em um gole.
Não haveria esse sentimento de não poder fazer nada, pois eu sei que existem coisas que só a mágica resolveria. Mas eu já não sou mais criança e em mundo de adulto quase não é permitido sonhar. Pelo menos assim. Então eu segui arquitetando e construindo cada pedacinho da minha Terra do Nunca. E continuo seguindo... seguindo com meus quase vinte anos e toda uma cidade de sonhos que um dia ainda vou realizar. Não importa se eu for criança ou não. A gente tem a idade que a gente quiser e por mais que possa parecer, sonhar não é proibido. Sem sonho a gente não chega a lugar nenhum.
Hoje eu quero ser uma rockstar e um dia eu chego lá, só não deixo de sonhar...

domingo, 22 de setembro de 2013

Salada de Fruta.

Eu aposto nas ameixas.
E aposto nos morangos também.
Aposto nas laranjas,
Nas uvas,
Nas carambolas
Das minhocas
Dos pensamentos da tua cabeça.
Eu aposto na framboesa do teu beijo,
Nas amoras, no cacau e no caju.
Eu aposto nas jabuticabeiras, nas jaqueiras e nas bananeiras.
Aposto no azedo do limão e no doce do melão.
Aposto nas mangas,
Já que são delas que eu gosto.
Aposto no pêssego da pitanga
Da tua pulseira de missanga
E aposto no preto da semente de melancia.
Aposto no vermelho da cereja do teu bolo que sou eu.
E acima de tudo,
Até mesmo dessa salada de fruta,
Eu aposto em ti,
A moça do cabelo cor de caqui.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sobre Vontades E Devaneios.

Pensei, pensei, pensei e pensei. Ha anos que minha vida tem sido só pensar. Sempre fui obrigada a crescer antes do tempo, talvez este seja o motivo do meu acomodamento atual. Talvez não. O fato é que sempre pensei no que minha mãe me diz desde criança. Que é o que toda mãe quer: você tem que estudar, passar no vestibular, fazer uma faculdade que seja bem sucedida e ganhar dinheiro para ter uma vida boa e feliz. Não seria nada mal ter uma vida assim mas não consigo imaginar uma forma de ser verdadeiramente eu. Eu teria dinheiro e poderia ter o conforto e divertimento que quisesse entretanto não teria tempo para isso, eu viveria para um trabalho que não seria a minha paixão.  Não fui a criança que deveria ter sido e não aproveitei tanto a adolescência  por pensar demais nessas coisas e acabei perdendo tempo e não fazendo nada. Então pensei - como o de costume -  no que fazer com o resto. Pensei em mim, pela primeira vez, pensei no que eu quero. E eu quero tanta coisa... Mas fui pega de surpresa. Entre tantas coisas que eu poderia ter, entre tantas vidas que eu poderia viver, por ora,  escolhi o simples. E eis aqui a minha escolha.
Se, pelo motivo bizarro que fosse, eu pudesse escolher como estaria a minha vida daqui pra frente eu escolheria o seguinte: me mudaria para Porta Alegre deixando tudo para trás. Eu sempre admirei esse lugar e sempre gostei do frio, juntaria o útil ao agradável. Alugaria um apêzinho no estilo"adolescente morando sozinho" com todo o conforto de uma simplicidade, onde haveriam um video-game, instrumentos espalhados pela casa, uma cama de casal só para mim e uma cozinha onde houvesse algumas guloseimas com a geladeira com bastante refris e cerveja Stella Artois. Um típico lar adolescente em um bairro boêmio. Aquele bairro com barzinhos e parques onde só houvesse pessoas que aparentam gostar de boa música, ser bons amigos e gostar de boas bebidas. As aparências enganam, é claro, mas são elas que primeiramente nos atrai ou não e seria elas que iriam me atrair a esse bairro. Enfim, eu não teria o emprego dos meus sonhos mas viveria de algo que eu pudesse fazer, algo que eu entendesse e ficasse contente e seria dele que eu tiraria o meu sustento. Trabalharia das dez até ás cinco ou seis da tarde e voltaria para casa, tomaria um banho, me jogaria no sofá e tocaria minha viola. Mais tardar eu colocaria meu jeans preto rasgadinho e minha jaqueta também preta de couro e sairia pelo bairro afora. Caminharia um pouco e o frio sairia em forma de fumaça pela boca e apareceria no gelar dos dedos e seria a hora perfeita uma uma cerveja. Teria muitas em casa mas ainda não estaria preparada para voltar então pararia no bar que toda noite eu costumaria olhar em meus passeios. Seria a primeira vez que estaria ali mas gostaria tanto que voltaria tantas e tantas outras vezes. Toda noite seria assim: enquanto bebo, belisco uns petiscos e vez ou outra fumo uns cigarros olharia o movimento, e saberia que quase toda noite, aquela loira de estatura mediana e com muio rímel nos olhos frequenta o bar, assim como eu. Às vezes vem só, às vezes vem com amigas. Saberia também que o bar, não importa que dia da semana seja, sempre estaria com bom movimento - o que seria uma das coisas que eu mais gostaria - e que as pessoas que o frequentam são um tanto belas de se admirar pois são sempre grupos de amigos se encontrando depois do trabalho para tomar cervejas e relaxar depois de um longo dia. E cada um teria seu jeito, suas características. E isso me faria imaginar como cada um seria  fora dali (nem em hipóteses eu consigo deixar de imaginar, pensar e sonhar).
Eu voltaria para casa e dormiria. Essa seria a minha rotina e mesmo que eu nunca tenha sido uma fã de rotina eu iria gostar de ter essa rotina. Eu não teria amigos, (mas isso mudaria depois de mais algum tempo) mas conhecidos eu teria aos montes, mesmo sem ter muito tempo na cidade e talvez, se eu tivesse sorte alguém acabaria reparando em minha solidão todas as noites nos bares e depois de me observar por mais noites, tomaria coragem de falar comigo. A questão é que eu nunca fui muito de ter sorte então eu não sei se isso realmente aconteceria mas se acontecesse, seria alguém assim como eu: só. Alguém que estivesse acostumado a solidão mas que por dentro desejasse ansiosamente por alguém tão só quanto ele, que fosse capaz de entender a dor e a beleza de sua solidão. Eu não saberia se daria certo seja lá qual fosse o rumo que as coisas tomariam, mas se eu pudesse escolher, ficaria feliz em pela primeira vez na minha vida poder ser eu sem ter muito no que pensar, sem tanta dificuldade, sem ter tanto com o que me preocupar. Ficaria feliz em ser apenas eu. Eu, minha solidão e minha simplicidade.

Bordando Encanto.

Esqueci meu sorriso
Na estante mais alta da sala
Ao lado do soldadinho de chumbo
E da bailarina de cristal.

Fotografei a mais linda flor do meu quintal
Só para não esquecer
A coisa mais bela que eu já vi
Além de você.

Eu gosto tanto tanto,
Desse tanto
Que me faz querer
Ficar perto de você.

Já que foi você que secou
Esse tal pranto
Que teimou em não deixar
O meu peito bater.


Substantiality.

Corre, foge, grita. O telefone não chama, a campainha não toca. Tem coisas que eu já vi demais, tem coisas que eu cansei de ver. Eu já não durmo mais e já perdi dias no tanto faz. Tem coisas que eu quero esquecer. Cansei de só existir, vou tentar começar a viver.

domingo, 15 de setembro de 2013

O Alguém Que Não Aparece.

Ei, você, você mesmo! Você que acabou de chegar ou que quer chegar, chegou e quer entrar. Entra. Mas sem pedir licença, só entra, apenas entra. Entra e não tem medo. Entra e põe os pés na mesa, abre a geladeira e pede uma cerveja, me chama pra sentar do teu lado e me diz coisas loucas. Loucas e absurdas, porém sinceras. Diz que eu pareço um sonho, que tudo isso parece um sonho mas que você adora sonhar, ainda mas se for comigo. Abre o armário da cozinha e come o que tu quiseres. Pega outra cerveja. Me faz rir, me faz querer que tu nunca mais se vá, me faz sorrir e diz que meu sorriso é lindo mesmo que não seja. Me arranca um beijo, aquele beijo. Me tira o fôlego. Prende o meu ar. Me arrebate. Me leva pro arranha céu mais alto da cidade e fica olhando as estrelas comigo me contando os teus sonhos loucos. Me pergunta da minha vontade de revolucionar e diz que vai revolucionar junto comigo. Chega perto do precipício e me faz ficar com medo que você caia e ai me diz que se você cair, sabe que para lhe segurar tens a mim. Me leva pra uma tour pela redondeza e comete pequenas loucuras adolescentes comigo, me faça acreditar que eu posso tudo e que a terra do nunca existe. Me faz acreditar que seremos para sempre e me leva pra casa. Me abraça, abraça forte, não me deixa escapar. Sorri o teu sorriso mais bonito e vai embora, mas diz que vai voltar. Me liga, me procura, conversa conversas doidas, me elogia e deixa eu te elogiar. Só diga verdades e se tiver vontade de ir embora, vá. E vá logo, sem rodeios, mas espero que esse dia nunca chegue. Espero que você também espere pois antes disso tudo eu espero por ti, então apareça, do jeito que for, de qualquer forma, apenas apareça. Apareça pois já não aguento mais tanta solidão.

Passarinho.

Voa passarinho, voa.
Mas voa alto. 
Voa e se esquece daqui.
O céu, o infinito e o mundo são teus.

Teu cantar de alegria e teu amor são meus.
Voa, passarinho e faça de cada lugar bonito o teu lar.
Aproveita,
Já que o mundo é o seu ninho.

Voa passarinho, voa.
'Passarinho se não bate a asa logo pia'
Na canção de Tiê já dizia.
E eu sei que o que você mais quer é voar.

Voa, passarinho.
Voa, e começa a dançar com o céu.
Pois na valsa das nuvens,
Tu tens o mais lindo papel.

Afim de Ficar Afim.

Queria eu poder encontrar
Alguém com o tom mais doce de escutar.
Alguém dos olhos calmos
E da fala mansa.

Queria eu poder encontrar
Alguém que pudesse ver a lua dançar.
Queria poder desenhar o céu,
Fazer do mundo o meu pedaço de papel.

Queria comer o algodão-doce das nuvens,
Me encher com a porporina do sol e brilhar.
Queria eu, preencher o escuro do meu peito
Com toda a tua luz.

Queria eu poder encontrar alguém pra ficar,
Ficar e ser meu bem,
Ficar e me querer bem
Pr’eu querer bem também.

Mas onde eu poderia lhe encontrar?
Apareça!
Apareça e me conquiste.
Faça um rombo e dilacere as entradas de meu coração.

Apareça e abra caminho até mim.
Faça do momento o momento certo.
E vê se imita Magalhães e planta um carinho
Nesse meu peito inquieto.

Tira meus pés do chão,
Me leva pro céu
E faz assim,
Aproveita que eu tô afim de ficar afim. 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mundo Careta.

Queria ser o compromisso de alguém. Queria me compromissar com alguém. Queria me comprometer com olhos, mãos, sorrisos, cabelos, cheiros, bocas, almas, mentes, corpos, corações. Nada de ilusões. Queria ser eu e apenas eu. Queria que tu fosse tu e apenas tu e que ele fosse ele e apenas ele. Vâmo deixar de lado essa coisa de ser todo mundo? Vamos apenas ser e deixar ser. Nada de ficar bisbilhotando e querendo mandar no outro. Vâmo pintar o cabelo de vermelho e o nariz de preto. Sair em meio a aula ou o trabalho e partir pro nosso lugar favorito? Vâmo juntar os amigos e viajar? Viajar hoje, viajar amanhã, viajar sempre. A vida é uma viagem e cá estou estou eu viajando. Vâmo fazer o que der na telha pois o dia que não poderemos fazer mais nada um dia vai chegar.
Mas esse tipo de coisa a gente só vê na caixinha preta que fica em cima da mesa e quando abrimos as portas são só caras feias. Bah, que mundo careta! Cara feia pra mim é fome e fome é o que não falta no mundo. Mas falta carisma, sinceridade, simplicidade, atitude, amizade e amor. Falta tanta coisa onde não deveria faltar quase nada.

Conversa de Botas Batidas.

  • A: Oi, tudo bem? Estava com saudades.
  • B: Oi, agora está. Tu é uma puta mentirosa.
  • A: Olha como tu fala comigo e como me trata!
  • B: Te trato como tu mereces.
  • A: Antes você não me tratava assim.
  • B: Antes eu não enxergava, eu era idiota.
  • A: Não tô te entendendo.
  • B: Ninguém nunca entendeu.
  • A: Então tá, tchau pra você, fica ai. Eu vou embora!
  • B: Vou ficar, é o que eu sempre fiz e o que tu nunca fez.
  • A: O que que eu nunca fiz?
  • B: Ficar.
  • A: Ficar?
  • B: É.
  • A: Onde?
  • B: Aqui. Comigo.
  • A: Você nunca pediu pra que eu ficasse.
  • B: Eu nunca pedi, porque tu nunca quis ficar.

O Que É.

Dias chatos,
Monótonos.
Noites amargas,
Azedas.
Escuridão,
Vazio sem fim
Rotina,
De merda
Minha vida,
É assim.

Felicidade?
Não sei o que é.
Amor?
Ainda não conheci
Afeto?
Não se vende por aqui.
Trágico,
O mundo é assim.

Muitos vão chamar de drama,
Eu chamo de realidade.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Navegando.

Deixo no cais
Parte do meu peito inquieto
Que insiste em
Não desistir

E com a outra metade
Vou navegando por ai
Com a velha história
Que ninguém quis ouvir.

Até eu atracar em algum lugar
Onde possam me escutar
E quem sabe assim,
Poder sorrir.


(...)

Me disseram que eu não podia errar
Então tentei uma,
Tentei duas,
Tentei três.
Tentei de novo,
Mas me disseram que eu não podia mais tentar.
Eu tinha que conseguir.
Ainda estou tentando
E me disseram que eu sou o fracasso da vez.


domingo, 8 de setembro de 2013

Melancolia.

Olheiras que vão até os pés
Pés que não vão a lugar nenhum
Nenhum lugar é melhor que aqui
Já que aqui pode ser em qualquer lugar.

Nenhum consolo
Cura minha dor
'Pois não há amor que valha a pena'
Como já dizia o bom Pethit.

Madrugada fria
Insônia solitária.
A vida vale muito
mas o mundo não vale nada.

Tarde ensolarada de domingo
A vida passa enquanto estou dormindo
Acordo fingindo
Que consigo sorrir.

Caos, vazio e turbulência
Desde sempre foi assim.
Ninguém desvenda o mistério
Que há dentro de mim.

Nem eu.

Cotidiano.

Ah menina, será que um dia você há de entender que o erro não está dentro de você?
Você corre,
Chora,
Grita
E sonha.
Berra,
Briga
E se apavora.
Que lutar, quer fugir
mas não sabe aonde ir.
E não vai.
Fica e se despedaça.
Corre.
Bate a porta.
Se descabela.
Volta,
Deita,
Dorme.
Acorda,
Olha pra janela e vê
Que em toda beleza há um problema
Mas que dessa vez talvez não seja você.

sábado, 7 de setembro de 2013

O Que Nunca Passa.

Sei que preciso escrever. Encher pautas e folhas em branco com minhas linhas tortas até a mão começar a doer, mas ainda não sei o que é. Ou não entendi. Ou ainda não consegui.  Há tanto dentro de mim que não consigo verbalizar... Então eu fumo, deito, olho pro teto, ouço música, vejo o céu pela janela, leio, durmo, bebo, enlouqueço. E te vejo um pouco mais dentro de minha memória. Confesso, tento esquecer teu rosto, teu riso frouxo, teus olhos castanhos a me fitar, teu cheiro bom... E não consigo. No fundo, eu não quero esquecer, mas sei que preciso. Eu me afastei eu sei, mas faria alguma diferença se eu te contasse? Contasse que queria preencher minha vida escura com as tuas cores, que ficaria imensamente feliz em tentar ao menos curar tuas dores e que quero participar dos teus dias desde o amanhecer até quando você se deitar? Não, não faria. Nunca faz. E eu já sei disso, já sou macaco velho e sei que isso não iria funcionar. Então fico aqui, com a  cerveja barata escondida na geladeira, com meus cigarros velhos, com os livros empoeirados na estante, com a insônia que insiste em me perseguir, com o café que não bebo, com o chá que ameniza o frio, com a tristeza que o fim de tarde trás, com as palavras que eu não consigo dizer e com você, que provavelmente, nunca irei ter.

domingo, 25 de agosto de 2013

Com o perdão da palavra: Que Se Foda!

"Eu tenho tanto pra dizer pra você sobre o que eu sinto agora e eu realmente não sei por onde começar. Acho que ninguém gosta de expor suas fraquezas. Dizem que só damos valor ao que temos quando "perdemos" ou então só nos tocamos da importância da pessoa quando ela voa para um lugar bem distante dos nossos olhos.
É difícil não pensar em você. Tudo isso é muito maluco, mas a vida é maluca e incerta, não é mesmo? Não dá pra querer buscar explicação correta e exata para os nossos mais profundos e concretos sentimentos. Sentimento não tem explicação. Ele surge. E te persegue.
Muitas vezes eu penso "que se foda" não quero mais saber. Não quero mais falar. Não quero mais pensar. Mas o "nunca mais" e o "nada mais" caem por terra e surge, no lugar deles, o sempre mais. Te quero e te gosto sempre mais. E que se foda.
Que se foda o mundo. Que se foda a falta de sentido. Que se foda a incerteza. Que se foda a maluquice.
Eu quis fechar a porta,mas quando eu fechava os olhos era você que vinha na minha mente. Eu quis fechar os olhos, mas sentia você batendo na porta do meu coração. Que se foda, não vou abrir! Mas você continuava ali, parada, feito estátua. E com aquele sorriso lindo. Que se foda, abri a porta.
Existem muitas razões para você ficar comigo. Ao mesmo tempo, não há razão alguma. E somente uma: porque eu quero. Eu quero que você fique. Mas você parece não saber. Finge não saber. Ou talvez você não queria mesmo ficar. Mas eu quero e esse é um bom motivo. É o meu motivo. E que se foda o resto."

domingo, 11 de agosto de 2013

Queria, mas querer não é poder...

Eu queria ser alguém sem nome, sem endereço, sem dignidade. Queria me perder em amores de uma noite só que vivem em becos, esquinas, estradas, cafés, em cada banheiro sujo de bar, em qualquer lugar onde a dignidade não passasse da porta. Queria me perder, fazer o mundo inteiro girar e vomitar tudo o que estivesse dentro de mim. Queria não sentir, queria não ser. Queria apenas estar. Queria viver a vida de bebidas, cigarros e saídas. Queria não gostar de alguém e ter que me importar. Queria apenas viver a vida que eu quero viver sem complicar. Queria ser livre e queria poder voar. Queria beijos roubados e sorrisos dados. Queria também não te querer, mas sem querer eu quero.

domingo, 28 de julho de 2013

Tu.

Creio não saber exatamente de onde você saiu e nem o por quê de ter aparecido mas desde que o fez minha vida tem se tornado uma densa mistura de torturas e sonhos. Troquei minhas certezas por ti. Sonhar se tornou minha realidade e minha realidade és tu. Tu com quem não canso de me imaginar pelos jardins, com teus versos simples, desenhos e canções. Tu que não me canso de querer cuidar e fazer feliz.
Fizeste da minha alma sua morada? Pois se ela fosse tua casa poderias muito bem entrar sem bater, colocar os pés na mesa e pedir a bebida que quiseres. E tu fizeste isto, no mínimo. Só isso explicaria a tua presença. Tu está em cada página amarelada dos livros que leio, em casa estrofe das canções que eu ouço, em cada simples devaneio que tenho, em cada artéria de meu coração... tu está em todo lugar, desde meu despertar até a hora em que faço o chá, sempre és tu. Tu que me despertou do coma do qual andava vivendo, que me fez lembrar que amar pode ser loucura mas que é sempre bom ter um pouco desta loucura pulsando dentro de si. Tu. Tu que eu tanto queria segurar a mão, ser o motivo do pulsar de teu coração, ser o ladrão que roubaste teu pensamento. Tu, que transformou o preto-e-branco dos meus dias em cores, que me fez voltar a sonhar. Tu. E eu. Que pena não ser nós, mas meus dias são teus, e minha boca, e minha alma, e meus sonhos. São meus presente pra ti, faça bom proveito mas se não fizer, guarde-os no canto da prateleira mais bonita de teu coração, pois na minha já habita o sorriso mais lindo que pude encontrar: o teu.

Rainy Day.

O inverno já castiga a cidade, é outro dia chuvoso e outra desculpa para eu me esconder.
Chove aqui dentro, chove lá fora, não sei dizer aonde está mais frio.
Escrevo teu nome na neblina que se forma. Aonde está você agora?
Meu coração chove rios de sangue e o céu está cinza, assim como eu. Aonde está você agora?

Deveria eu ainda me importar?
Você gosta de mim?
Perguntas estúpidas, apenas esqueça!
Eu devo esquecer também.

É mais um dia chuvoso e onde está o sol para espantar a escuridão de dentro?
Ando na chuva para tentar arrastar essa sensação para longe e junto com ela, você. Já que eu não posso lhe ter.
É essa sensação de não saber o que fazer que me mata.
Não, eu não estou me suicidando. As pessoas me matam um pouco mais cada vez mais, e aonde estará você agora? Queria lhe ver mas apenas faça parar de chover.

As nuvens estão formando uma nova tempestade e as tempestades alagam tudo. Me encontro em cada boeira sujo. O que é que eu estou fazendo? Está cada vez mais sombrio aqui sem ter algo pelo o qual viver e acreditar. Estou perdida. Me tire das ruas, me tire do escuro, me tire da chuva. Me salve, agora, já! Apenas me salve. Não me abandone como todo mundo já fez.

O que você está fazendo comigo? O que estão fazendo comigo? O que eu mesma estou fazendo comigo?
Você saberá me dizer? Será que apenas você fará parar de chover? Faça parar de chover então.

Às vezes eu apenas quero que tudo fique devagar, acompanhe o meu passo e que não passe por mim, mas parece que eu já passei do ponto e agora ninguém mais quer saber.
O café que era quente e já esfriou enquanto eu espero a chuva passar. Até agora ela não passou e cadê você para me dizer que tudo isso irá passar?
Você me esquece? Eu não te esqueço.

Meu pequeno coração solitário se partie novamente. Não sei juntar os cacos, são pequenos pedaços, deixe-os ai, um dia vem alguém, alguma coisa e os junta aqui. A faca sempre entra mais fundo e meu pequeno coração solitário se quebra outra vez, mas algum dia ainda vem alguém, alguma coisa e o cura me dando ele inteiro, curado, novamente pra mim.

O sol se foi para nunca mais voltar? Se ele não voltar você me aquece?
Não me deixe congelar pois se você me deixar virarei uma pedra de gelo.
Se o sol não voltar, você me aquece?
Só diga que sim, por favor, só diga que sim.
E finalmente, apareça por aqui.

sábado, 27 de julho de 2013

Nem Liga Guria.

Nem liga guria se eu não conseguir disfarçar, se eu não conseguir dizer que te quero, se eu não conseguir te ligar. É que você me causa medo, e o medo paralisa. Nem liga guria se eu sempre quiser ouvir o som da tua voz, é que de algum jeito ela me encanta e não liga se você inteira me encantar porque já me encanta. Nem liga guria se no teu abraço eu encontrar um lugar para morar - pois foi o seu que tirou a graça de todos os outros. Não liga guria se ao anoitecer eu ficar mais melancólica é que a saudade sempre bate a minha porta. Queria poder te ver toda hora. Não liga se eu não te chamar, pois se eu pudesse gritaria teu nome pro mundo inteiro escutar. Não liga se eu ficar sem voz, é que escrevo todo dia canções pra você. Nem liga se eu não estiver bem, a lembrança do teu olhar me mantém. Nem liga, guria. Não liga se alguém te fizer chorar, para cada lágrima que você derramar um sorriso no teu rosto eu irei colocar, não liga se eu disser que não tem nada pois você sabe, tem tudo e tudo pra mim se tornou você. Nem liga se eu não estiver em paz, eu gosto da bagunça que você faz. Nem liga. Não liga guria se eu não puder te escutar, é que tô arrumando o canto da minha vida que é sou teu. Não liga se eu não fizer sentido, tem mais graça assim. Nem liga se eu não parar de te olhar, é que amo cada parte sua. Guria não liga, guria se liga. Nem liga guria se meu coração for só teu e também não liga se eu começar a me apaixonar pois eu sei que tu já me sacou sem eu precisar falar...

Tudo É Vazio.

Era uma tarde de inverno onde o sol resolveu mostrar a cara. Estava com as palavras transbordando dentro de mim, mas a inspiração não ousou aterrizar em minha varanda. É que eu sempre tenho tanto o que dizer que nunca sei por onde começar.
Desejei por um momento não ter o que falar. Ter a cabeça vazia, o coração vazio, a alma vazia, tudo vazio, só para saber como é. Queria não pensar em nada, mas eu penso em tudo o tempo todo.
E o vazio? Ele já não mora dentro de mim? Mora. O vazio mora em cada pedacinho do meu ser, cada partícula de mim e eu não consigo me lembrar de sequer uma vez que não tenha sido assim. O vazio mora em mim. Ou será que sou eu que moro nele?
Tento entender como uma pessoa pode se sentir vazia o tempo todo e ter um turbilhão de coisas pulsando dentro de si. O problema estaria aonde? Acho eu que na verdade, tudo em minha volta é vazio. A aurora e o anoitecer são vazios, as ruas são sempre cheias mas de pessoas vazias e até o céu é uma imensidão de vazio - um vazio lindo por sinal, mas vazio. Tudo é tão cheio, mas tão vazio, inclusive eu. Queria saber quando esse turbilhão de coisas se tornarão sólidas o bastante para deixarem de ser apenas "um peso de papel" na minha vida, talvez assim ela comece a ter algum sentido.
Há tanto para eu dizer, mas quanto mais se tem o que falar mais as palavras lhe faltam. O melhor é calar a boca e ficar com o seu vazio. O problema é que no vazio, cabe um monte de coisa...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Carta.

                                      Rio, 25 de Julho de 2013.

Hey amor, como vai você? Está tudo bem? Espero que sim.

Bem, eu não sabia como começar então resolvi lhe falar sobre o tempo.
O inverno chegou, trazendo com ele um frio que já ha algum tempo não fazia por aqui, um frio no qual o Rio de Janeiro não está acostumado. A noite é a parte do dia onde o vento é mais frio. É aquele frio que corta a pele mas acalma a alma. Eu adoro, você também iria gostar...
Foi em uma noite dessas de inverno que me peguei pensando em ti de novo e em como seria se você estivesse comigo.
Eu provavelmente estaria na tua casa esperando você por os seus filmes preferidos para assistirmos, e enquanto espero observaria com um sorriso de canto cada detalhe teu: desde os pequenos pés até as mãos e os cabelos ruivos que tanto me agradam, - você sabe o tanto que eu gosto deles? Não, acho que não - então, depois de uns dois ou três filmes começaríamos a conversar sobre vários assuntos madrugada adentro: desde o tempo até a forma como eu mexo no cabelo o tempo todo - você iria sorrir com a forma como eu iria tentar me justificar e eu iria sorrir ainda mais por ver você sorrir - e deitaríamos da forma mais aconchegante que pudéssemos enquanto eu acaricio o seu rosto até você dormir. Acordaríamos sem saber se aquilo era real ou um sonho mas com a certeza de que qualquer um dos dois que fosse, gostaríamos que não houvesse fim. Com certeza, seria algo parecido com isso.

Não pude deixar de sorrir ao descrever esta cena. Ah, se tu soubesses como eu gostaria que ela fosse real, assim como todas as outras que imaginei viver contigo. Mas você não sabe. Aliás você não sabe de muita coisa e creio que um dos motivos de lhe escrever esta carta seja este: de que um dia, mesmo que por sorte, você leia e saiba.
Saiba que quando vi sua foto eu me encantei por ti na mesma hora, que quis saber teu nome e sobrenome, aonde você morava e quais eram as suas coisas preferidas. Saiba que arrumei a forma mais descontraída que pude de puxar papo, que quando fui descobrindo cada pedacinho seu que você me mostrou até hoje eu me apaixonei - mesmo sem saber se isso era loucura - que quando ia lhe ver pela primeira vez quase vomitei de tanto nervoso (eu já contei que nunca havia acontecido isso comigo antes? Pois então.) e que assim que te vi tive a certeza de que não era loucura minha. Você era pra mim, só não sabia se eu seria pra você mas isso não me impedia de me imaginar vivendo com você todos os momentos que um dia sonhei viver com alguém e ainda não impede mas confesso que dói um pouco pois sei que não é recíproco.
Comecei essa carta falando do tempo e volto para ele mais uma vez: eu amo o frio. O frio tende a me inspirar, mas nesses últimos dias tenho gostado dele por outros motivos: é que enquanto ele corta minha pele me fazendo pensar em quão frio está fazendo lá fora, me faz esquecer por alguns instantes em como dói saber que todas essas coisas que estou sentindo por você, você está sente por outro alguém.
Talvez você não tenha percebido mas eu lhe dei sinais: sempre arranjei um jeito de puxar papo, falo sobre algo que tenhamos em comum em redes sociais, implico contigo só pra você não se esquecer de mim. Os sinais são vários, pequenos eu sei, mas sempre estão nas entrelinhas, pena você estar ocupada demais prestando atenção nas linhas e entrelinhas de outra pessoa. Talvez a real intenção de estar lhe escrevendo seja esta: ontem me caiu a ficha de que eu não posso lhe ter, que você só ficará na minha mente e que a luta para ganhar-te pode levar meses ou anos e eu nem sei se posso ganhar... Eu sei, talvez eu esteja sendo covarde mas é que eu não sei se aguentaria dizer adeus mais uma vez sem que isso não cause nenhum dano.

Queria que você soubesse que todas essas coisas clichê de TV que um dia sonhou e sonha viver com alguém, eu sonho em viver contigo. Queria que você percebesse que as músicas que você ouve e pensa nela são as mesmas que quando ouço dedico a ti. Queria que você esquecesse dela e passasse a prestar mais atenção em mim. Queria também poder te esquecer, assim não iria ter o que querer lhe contar e não haveria qualquer estrago. Queria ser tua e queria que você fosse minha, mas no momento, vivemos em mundos incrivelmente iguais porém estupidamente distantes: eu vivo no teu mundo, você vive em qualquer outro mundo, menos o meu. Talvez seja melhor assim, talvez não. Um dia a gente descobre, até lá fico guardando cada pedacinho teu que eu conseguir como um amuleto dentro de mim.

Vou te esperar até eu conseguir e espero conseguir inventar o famoso e tão esperado para sempre.

        Com amor, alguém que lhe amará mais do que você jamais saberá.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Tem?

Os pássaros nos galhos já não cantam a mesma velha canção
O vento já levou as folhas amareladas do outono
O meu coração já se acostumou com as sombras
Todo noite de inverno eu perco o sono
Tem você em todos os lugares,
Tem um pouco de você dentro de mim,
Tem um pouco de você em todo mundo
Tem um pouco de mim dentro de ti?

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Retrocesso Imaginário.

Desci a ladeira da esquina mais silenciosa do bairro com as mãos no bolso do casaco e com o capuz na cabeça. Se fosse em outros tempos eu me preocuparia em andar na rua tão tarde da noite mas hoje eu só precisava de algo que me fizesse fugir um pouco de tudo o que eu conheço, de tudo o que me enche a cabeça no dia-a-dia.
 Andei até meu rosto começar a ficar gelado - efeito do vento frio da noite - e ainda mais um pouco, e mais um pouco até minhas pernas me levarem inconscientemente para um bar qualquer. Bebi até o dinheiro que eu tinha conseguiu pagar. Queria acordar de manhã com uma ressaca para me preocupar e continuei andando de volta pra casa aos tropeços, pensando que pode até ser erro o meu querer você ou ser erro seu não me querer mas que a minha vontade no momento era meio grotesca confesso, eu só queria te chamar pra aquele bar, te puxar pelo braço e dizer que és tu, tu que está o tempo todo comigo: está quando eu abro os olhos ao despertar pela manhã, no vento que entra pela janela e toca o meu rosto, quando eu faço o chá, quando eu respiro, quando eu faço o almoço, quando eu me agasalho numa noite fria, quando encontro um livro bom, quando escuto uma música que fala de amor, quando eu me deito pra dormir, quando eu fecho os olhos, quando eu sonho, quando eu olho a cidade pela varanda. Que és tu, só tu, e te perguntaria o porque de não ser eu pra ti também balançando a cabeça e dizendo que agora aquilo já não importava mais e lhe tascaria o beijo mais apaixonado que eu pudesse dar sem me importar com o que você pudesse fazer ou falar depois. Eu só queria agir. Só isso.
Já passavam das quatro horas da manhã e eu só queria um copo de água e dormir mesmo sabendo do sermão que eu ouviria logo ao acordar. Respirei fundo, abri um sorriso de lado sem vontade, suspirei e abri o portão do meu prédio.
Não que eu estivesse preparada para voltar a vidinha que eu levava todos os dias, mas eu tinha que voltar. A diferença é que hoje eu tinha a desculpa de uma ressaca para me preocupar...

domingo, 14 de julho de 2013

Penso.

Procurei no que pensar mas descobri que eu só sei pensar em você. Penso de manhã, de tarde, de noite, não consigo parar de pensar em você. Você me dominou.
Penso na forma como nos conhecemos, penso no frio na barriga que dá quando eu lhe vejo, penso na forma como nós nos encaixamos no modo de agir, querer e pensar. Penso em como você ri e no modo como você tira e coloca os óculos no rosto toda hora quando está com calor. Penso na tua pele branca, nas tuas mãos tão lindas que eu adoro observar, na cara que faz quando tenta parecer má... Penso na cor do teu batom e em como será o gosto da tua boca, penso nos teus pequenos olhos maus e na forma como eles olham pra mim. Penso em como são os seus dias e com quem você fala, penso no que você viu nela, penso em como deve ser amada por você. Penso no que você me diz e no que não diz também, penso se algum dia você vai gostar de mim, penso em não pensar em você, penso em pensar, penso em esquecer, penso em segurar suas mãos, penso em dormir e acordar com você, penso em como eu quero cuidar de tí, penso em você sorrindo, penso como dever ser lindo ver você dormindo. Penso em viajar contigo, penso em jamais te ver chorar, - a não ser de alegria - penso em morar no teu abraço, penso no teu cheiro, penso em realizar os teus sonhos mais secretos, penso em como te quero... Penso em você. Penso em não pensar, mas já estou pensando em ti de novo.

sábado, 13 de julho de 2013

Sinais.

Se a sinaleira está verde é porque os carros podem passar mas se de repente fica vermelho é a vez dos pedestres passarem. Quem dera se na vida também fosse assim, tudo na base dos sinais. Tudo seria na base do sinal: pra comer, pra dormir, tomar banho, fazer xixi, gostar de alguém... ah, nessa ultima ajudaria bastante, sem dúvida nenhuma!

Se houvesse algum tipo de sinal que mostrasse, identificasse, quando nós gostássemos de alguém, talvez você prestasse mais atenção em mim. Não que a pessoa precisasse corresponder, mas pelo menos já ficava tudo muito bem resolvido, tipo assim: olha eu gosto de você, só pra você saber, tá?
Tá. Mas e depois? Bom, o depois deixa pra depois, o importante é que tudo ficaria mais fácil. Pelo menos pra mim.

É que eu já tentei muita coisa pra ver se você passa a me olhar com outros olhos, mas você não vê. Parece que o seu problema de visão não lhe deixa enxergar mais do que um palmo à sua frente e mesmo eu estando bem perto, você parece não me ver. Ou pelo menos finge não me enxergar.

Talvez, eu não passe de um borrão legal da tua visão. Ah, se você visse que esse borrão gostaria de fazer da tua vida tudo o que você sempre quis. Mas você não enxerga os meus sinais...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Perguntas.

Eu me pergunto como é ser amada por você.
Eu me pergunto como é fugir de casa.
Eu me pergunto como é voar tão alto.
Eu me pergunto como seria respirar de baixo d'água.

Eu me pergunto se algum dia eu serei boa o suficiente.
Eu me pergunto se algum dia eu saberei dizer adeus.
Eu me pergunto como seria se eu pudesse ler mentes.
Eu me pergunto se existe mais de um Deus.

Eu me pergunto como será o meu futuro.
Eu me pergunto se você estará junto.
Eu me pergunto se um dia seremos imortais.
Eu me pergunto se o mundo um dia será um lugar melhor.

Eu me pergunto como é que eles colocaram um homem na lua.
Eu me pergunto se eu também poderia pisar lá.
Eu me pergunto se algum dia você gostará de mim.
Eu me pergunto se a resposta está no ar.

Eu me pergunto como é o céu.
Eu me pergunto se é verdade que quando nós morremos nós vamos para lá.
Eu me pergunto o que há por trás do horizonte.
Eu me pergunto como seria andar sobre o mar.

Eu me pergunto se eu vejo a vida passar.
Eu me pergunto se eu não sei agir.
Eu me pergunto se eu sei alguma coisa da vida.
Eu me pergunto se o sol vai parar de brilhar.

Eu me pergunto o que vou fazer com a minha vida.
Eu me pergunto se você estará comigo .
Eu me pergunto se você me quer contigo.
Eu me pergunto se algum dia eu saberei lidar.

Eu me pergunto quando é que chegarão as respostas.
Eu me pergunto se eu cansei de perguntar.

domingo, 7 de julho de 2013

Sonho, Realidade ou Confusão? Desabafo.

Me encontrava no escuro do meu quarto fitando o teto e me perguntando no que exatamente eu me tornei. Mas como eu saberia a resposta se creio que nem sei exatamente quem eu era? De certo eu não era uma pessoa tão exausta mentalmente. Vai ver toda essa confusão mental seja a causa da minha mais nova falta de intimidade com as palavras, depois que ela chegou não me abandonou mais e desde então minhas palavras se tornaram tão confusas quanto quem as escreve, mas hoje, hoje eu resolvi tentar encontrar na minha confusão algum consolo - espero conseguir.

Talvez, o que faça o mundo girar seja o medo ou a mágoa. Ou ambas, aliás, o que houve com o mundo? Me perco no tempo tentando decifrar se é ele que está de ponta cabeça, se somos nós que estamos de ponta cabeça ou se sou eu, que nasci totalmente errada. Ainda não descobri. Apenas sei que desperta em mim constantemente uma vontade de revolucionar, mas me pergunto: teria jeito o mundo? 
E da mesma forma que quero revolucionar não sei se realmente quero e se teria forças para fazê-lo, logo eu que sempre vi o mundo com os olhos de quem sonha, de quem acredita... Hoje acorda exausta só pelo fato de acordar e ter que encarar a dura realidade. Às vezes, não tenho coragem de fazer coisa alguma, de mudar as coisas de lugar e fazer dar certo. Embora o comodismo ande querendo me pegar a faísca da chama da revolução ainda queima em meu peito e pulsa em minhas veias. Me encontro em mais um paradoxo perfeito,  inclusive faz tempo que me encontro habitando em um paradoxo constante. Ora quero fazer as coisas diferente, ora o meu desinteresse pelo mundo, as pessoas e seus mesmos assuntos, os mesmo atos de falsa auto-suficiência, as mesma bebidas, as mesmas futilidade e hipocrisias fica cada vez maior. Tudo ao meu redor foi ficando desinteressante, nenhum assunto prende a minha atenção, as coisas andam ficando meio chatas, sentimentalismo barato então...
Parei de tentar agradar e fazer alguma diferença com quem eu achava que valia à pena, nunca gostei de migalhas e parece que isso era tudo o que as pessoas tinham a me oferecer. Mas hoje não, hoje aprendi a me amar e comecei a entender que já era hora de parar de sonhar tanto assim. Não parar de sonhar totalmente, mas encarar o mundo como ele realmente é. Vivia em um mundo de utopia porém foram os sonhos, as utopias, que me fizeram e fazem continuar mas o mundo fora do meu me chama, me grita e obriga a para de imaginar a minha vida de "gente adulta" acordando as seis da manhã para ir trabalhar em algo que jamais imaginei para comprar os cigarros que saciarão momentaneamente minha ansiedade e angustia, minhas jaquetas de couro, pra comprar os ingressos de shows das minhas bandas preferidas e para pagar minhas boates baratas com bebida liberada até eu decidir o que realmente quero fazer e como agir, e assim planejar o meu futuro (Mas eu já não ouvi dizer que não se deve fazer planos?) que não me deixa largar a sensação de que será solitário mas antes só do que mal acompanhado. Cadê a famosa "terra do nunca" Peter Pan me enganou?

Estou crescendo e temo estar crescendo. Gosto de olhar a vida com olhos de criança mas o "mundo adulto" não me deixa ser madura e ser criança ao mesmo tempo - mal sabem eles, que os verdadeiros sábios são justamente as crianças - é muita cobrança. Querem que eu seja como eles, todos tão iguais que andam sempre com pressa, não olham nos olhos e são incapazes de sorrir para estranhos, os mesmos estranhos que passam por eles todos os dias quando se dirigem ao trabalho. Eles que não são confiáveis e não sabem (ou se esqueceram) de como bom comer algodão-doce sentado no banco da praça ou tomar um bom banho de chuva no final da tarde, creio que eles se esqueceram de que felicidade é momento e está nas pequenas coisas, nas coisas mais simples e também creio que estão conseguindo me corromper pois tem dias que já não quero pisar na rua, não quero fazer parte dessa tal sociedade pois ela não me agrada e prefiro ficar sendo quem escreve bobagem porque está apaixonada ou porque "não tem o que fazer da vida" como muitos dizem.

É que eu estou cansada demais (e olha que eu mal comecei a vida). Sei que deveria agradecer por ter uma casa, comida e saúde e que deveria saber que as coisas podem ser muito, mais muito mais difíceis a alguém e eu agradeço. E eu sei, mas mesmo assim ainda me sinto no direito de contestar o mundo. Não morro de frio, de fome ou de doença mas morro toda vez que saio na rua e vejo o lugar cruel que o lugar em que nós vivemos se tornou. Não há mais amor e compaixão, ninguém se interessa mais em coisa alguma que não esteja relacionado a seu própria benefício, todo mundo pisa em todo mundo que é pra comprar o celular mais moderno pra esfregar na cara do "amigo"... A humanidade me apavora, me assombra e enoja. 
"A nossa geração é um murro em ponto de faca" li em algum lugar. Pura verdade.
Viveríamos melhor se  todos vivessem o agora e esquecessem um pouco do futuro.

Às vezes me pego me perguntando se o segredo não seria me arriscar já que estão acostumados a julgar mesmo... Creio ser defeito do ser humano, então pra quê pensar e me prender tanto? Se for pra sentir saudade que sinta, se for pra ser besta que seja, se for pra chorar que chore! O medo paralisa, eu sei, mas não consigo aceitar que me digam o que fazer ou não, o que sentir ou não, o que falar ou não... Se isto é "ser do contra", sou do contra então!
Por mais que eu as vezes eu diga que não, eu ainda insisto no amor e na compaixão, na amizade, nas cartas, nos telegramas, na esperança... Sem eles não somos nada. Se se é loucura? Que seja loucura a minha então, o mundo é dos loucos e "só os loucos sabem" já dizia o velho Chorão.
Eu também sei, tem vezes que nos encontramos cansados demais de lutar, cansados demais para mudar a própria vida quem dirá o mundo e acho que também cansei. Olha o paradoxo aí de novo. É que chega uma hora que essa desordem toda se desorganiza ainda mais e você não sabe arrumar a bagunça pois aonde você vá são sempre as pessoas com seus mesmos pensamentos baratos, com as malas prontas no canto do quarto para ir embora sempre que conseguirem o que querem porque é isso o que elas fazem: causam desordem, conseguem o que querem e vão embora.

Estar conformada é a pior coisa que a gente pode dizer, o certo é nunca se conformar mas nem sempre nós podemos fazer o certo, dói confessar.

Me sinto como a ovelha negra não só da família mas também do mundo.
Sabe, às vezes eu queria ser mais do que três meses pra alguém, às vezes eu queria ser um outono inteiro e quase todas as vezes eu só queria não ser ninguém na vida das pessoas.
Me pergunto se o mundo não é um barco furado onde quase todo mundo perdeu a força para remar. O que ninguém vê é que as vezes mesmo sem saber aonde vai dar nós temos que sair do lugar. Acho que é a hora de sair do lugar, aproveitar para me amar, me cuidar, me proteger... Parar de decorar a vida dos outros e nunca a minha, parar de querer arrumar a bagunça dos outros e esquecer da minha. Agora eu só quero parar.

Ainda quero mudar o mundo, revolucionar, mas agora entendi que pra mudar o mundo eu preciso primeiro me mudar.
Vamos, porque a mudança é grande e é hora de reinventar!

sábado, 6 de julho de 2013

Piloto Automático.

Acordei com o mesmo velho pijama da semana passada, hoje o dia amanheceu cinzento. É um dia chuvoso e faz frio. Já é julho mas eu ainda posso sentir o cheiro das cinzas de abril. O café está amargo e o cigarro acabou. Faz tempo que eu não bebo e já quase não saio mais de casa. Não leio jornais e na TV as programações são muito banais. Nada de interessante.
Virei rabisco, rascunho, o disco arranhado que não para de tocar sempre a mesma parte do refrão, virei parte da bagunça do quarto bagunçado, virei a chuva que não para de cair, a voz que se cala mas que grita dentro de si, virei o filme que acabou, a música que nunca mais tocou, o alguém que deseja ir embora mas não quer partir, que quer mudar mas não sabe se um dia mudou.
Ando com preguiça de gente, do mundo, de mim. Já nem sei mas quem sou mesmo não sabendo quem eu era e mais um dia se passou.
A noite chegou trazendo um novo luar, quis dançar com as estrelas mas acabei ficando sem par, sonhei a noite inteira e na manhã seguinte acordei querendo realizar mas o dinheiro encurtou, a vida me acomodou e ainda está chovendo. Vesti de novo o meu velho pijama, tomei o mesmo café amargo, liguei a TV, ouvi o noticiário, peguei um jornal e fingi que li. Mais uma vez não vivi.
O tempo lá fora muda, aqui dentro é o mesmo. Vida no piloto automático.

Colecionando Minutos.

Um, dois, três... agora já se passaram quatro minutos. Coleciono minutos até você chegar, mas será que você vem?
O tempo lá fora esfriou avisando que o inverno já chegou. Cinco, seis, sete minutos... Não ouso fumar pois lembro de lhe ouvir dizer que você não gosta do cheiro e só sua presença poderia me acalmar.
Minha memória não para de desenhar teu rosto, de imaginar teu gosto, de desejar ser o teu desejo. Oito, nove, dez mais longos minutos e você ainda não veio. Por que você demora? Te quero já, aqui, agora!
Onde estará você além de aqui, dentro de mim? Eu sei, eu sei, já disseram isso em letras de canções e é clichê dizer isso mas só agora contigo consigo ver todos os clichês fazendo sentido. Perco os sentidos ao pensar em você. Vinte minutos...
Qualquer sopro seu transforma em alegria o meu dia e você, nem se quer imagina. Sem você o café esfria, o cigarro apaga  e o sol não brilha. Trinta minutos.
Nublou-se ainda mais o que já era nublado, ah, como queria o castanho dos teus olhos para colorir o preto-e-branco dos meus dias. Tua ausência me castiga mas você não sabe, vai ver por isso você não veio, vai ver sou eu tentando me enganar. Uma hora...
Acendi a lareira pois o frio aumentou, porém nem a chama mais quente causaria o mesmo efeito que causa quando o teu corpo fica perto do meu, nem a chama mais feroz alcançaria o efeito que o calor das tuas mãos causam quando tocam as minhas. Duas horas.
Me acostumei a te olhar de longe, a te esperar, mesmo sabendo que você não virá mas isso não me impede de sonhar com teus cabelos ruivos todas as noites antes de dormir, todos os dias depois de acordar. Três horas...
Você não veio nos minutos que se transformaram em longas horas, mas lembrar teu cheiro me faz enfrentar o amargo da vida esperando quem sabe um dia, você prestar atenção em mim...