quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

clichê amargurado.

que clichê esse meu sonho acordada de que algum dia alguém me veja por dentro e note por fora, que decida que valho alguma música para se dedicar, um filme para se ver junto, um livro que pudesse escrever. que clichê imaginar danças pela chuva sem ligar para a roupa que vai molhar, risadas pelos dias ensolarados no parque da cidade, pelos segredos trocados quando mais ninguém podia ver. que clichê imaginar que algum dia alguém perdido por aí fosse notar quem eu sou. é difícil imaginar alguém disposto a enxergar, quem dirá sentir, ninguém está preparado para esse show. que clichê imaginar que um dia estaremos todos bem demais para sermos tudo aquilo que lemos em páginas amareladas dos livros clichês e que clichê imaginar que algum dia eu vou encontrar alguém para isso tudo dividir em qualquer passo que dou.
que clichê amargurado sou..

emaranhados.

eu sou um emaranhado de palavras
um emaranhado de cabelos ao vento, desgrenhados
um emaranhado de pensamentos desconexos que se cruzam o tempo todo,
passando então a fazer algum sentido

eu sou um emaranhado de tempo perdido
um emaranhado de ilusões descabidas
um emaranhado de sentimentos de alguém  que passa sempre despercebida
e acaba sempre ficando perdida

eu sou um emaranhado de coisas que queria dizer e que acabam ficando por aqui
eu sou um emaranhado de lugares que ninguém quer ir
eu sou um emaranhado de músicas que ninguém mais ouve
eu sou um emaranhado de coisas que ninguém sabe o que houve

eu sou um emaranhado bagunçado
de coisas que tento descrever
e então vejo,
que não sou capaz de dizer.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

lobo feroz.

tem algo quebrado aqui dentro,
algo fixado em minhas entranhas como o mais perigoso vírus.
tem um grito preso, entalado em minha garganta
que quer se deixar explodir com o vento.

tem um fardo de um milhão de toneladas em meus ombros
e em meus calcanhares já se encontram calos demais.
nada me parece como naqueles contos
onde um cavalo branco irá aparecer com alguma solução sagaz.

o espelho me conta mentiras que me soam como verdades sinceras,
as revistam me mostram histórias que não precisam ser reais
há beleza em tudo o que se pode ver,
mas não nos sentimentos capaz de enxergar.

o medo me sussurra histórinhas ao pé do ouvido que arrepiam os cabelos
dois pés parados, empacados no mesmo lugar,
e agora nem a luz do luar me inspira a correr.
quem me dera ser um lobo feroz capaz de tudo fazer.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

às vezes eu não queria ser tão eu...

tem gente que sabe o que quer,
tem gente que não faz a mínima ideia do porque de estar aqui.
tem gente que sabe cantar,
tem gente que sabe dançar,
tem gente que sabe desenhar,
tem gente que é boa em atuar,
tem gente que é boa em ouvir,
tem gente que sabe fugir,
tem gente que sabe falar,
tem gente que é bonita por fora,
tem gente que é bonita por dentro,
tem gente que é bonita em tudo,
tem gente que sabe demais
e tem eu,
que não sei nada.

às vezes eu gostaria de não ser tão eu
mas se eu não fosse eu, 
eu seria tão vocês
e ser vocês
é tão
não eu,
que fica chato.

às vezes eu me sinto sem talento algum,
às vezes eu sinto que não sirvo para nada
mas ainda que isso fosse verdade,
ainda que o fundo do poço seja fundo,
não há nada melhor do que ser você
e eu posso não ser nada
mas sou eu.

e às vezes, isso basta.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

confusões tão profundas que nem sei...

eu me lembro da primeira vez em que tive meu coração tomado por alguém,
em que eu realmente tive meu coração tomado por alguém...
me lembro da primeira vez em que li uma história na internet e senti tão profundo que me vi ali.
mas não me lembro da primeira vez em que ralei os joelhos
ou da primeira vez em que cortei o cabelo.
em compensação, eu me lembro da primeira vez em que quebrei um osso
e das noites em que passei chorando.
ambos ainda parecem ontem.
eu não sei com que pretensão comecei esse texto,
talvez seja importante falar sobre as primeiras vezes,
mesmo aquelas que a gente não lembra.
e eu não me lembro de tanta coisa...
mas me lembro de querer várias outras, como agora por exemplo,
em que eu só consigo pensar em vinhos e flores vermelhas,
piscina a noite e cerveja gelada.
talvez no fundo isso seja algo que eu quero, mesmo sem saber.
eu não me lembro da primeira vez em que soei tão confusa
mas me lembro de nunca mais parar...
o mundo é dos loucos e talvez, eu seja insana demais.
talvez seja uma coisa que perpetua...