quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

dear no one.

querido ninguém,
eu quero você.
mas sinto que há um enorme oceano que nos separa
e eu não sei em que lugar do mundo você está, nem se realmente existe
mas fico te procurando em cada folha amarelada dos livros que meus olhos desesperadamente lêem,
em cada linha com letras meio borradas que escrevo,
lhe procuro nos filmes e nas séries, que ansiosa vejo
te busco nas doces músicas que meus ouvidos são agradavelmente agraciados.
te caço nas linhas e entrelinhas,
no sinal de trânsito fechado, no mendigo embriagado,
em qualquer lugar em que eu possa te ver.

o problema é que você nunca está
e querido ninguém, eu já cansei de lhe esperar.
mais do que despedidas eu não suporto mais as esperas,
eu só queria a sua chegada
mas esperar por você, como uma última fagulha de chama acesa da esperança
de viver as histórias que desesperadamente gostaria de vivenciar
tem sido como esperar chuva no deserto.
e seja lá em qual canto do mundo em que você esteja,
eu sei que não iremos nos esbarrar por aí e de repente começar a viver todas aquelas histórias que a gente vê nos filmes.
então querido ninguém, eu vou tentar me conformar
com esta alma solitária que sou,

porque qualquer coisa é melhor do que morrer de sede.

sábado, 16 de dezembro de 2017

repara no que ninguém mais vê.

repara no que ninguém mais vê
nas nuvens rosas raras lá fora,
no tom leve de roxo que está o céu,
na música boa que toca no rádio agora

repara no vento leve e fresco que bate em seu rosto nesse momento
repara no canto harmonioso dos passarinhos do outro lado da sua janela
repara no verde das folhas das árvores balançando de lá para cá
repara nesse fim de tarde especial

repara no que ninguém mais nota
é, acho que hoje é está um belo dia para sair da toca

por que não?

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

morte em mim mesma.

whisky amargo sendo depositado no canto da mesa
goles que descem rasgando a garganta,
queimando tudo aquilo que está entalado em minhas entranhas
clamando para eu desesperadamente gritar.

mas já danificados
e agora enegrecidos pela fumaça do enorme trago
que no cigarro dei,
morrem nesse incêndio proposital que causei.

é que eu percebi que apesar dos olhos tontos, vermelhos e garganta seca,
é melhor me afogar em mim mesmo
do que morrer na praia.
e eu cansei de morrer por aí.