quinta-feira, 27 de março de 2025

infeliz despedida e a glimpse of us.

você pediu para eu não escrever sobre você nesse site velho, pra não te transformar em matéria no jornal do meu dia-a-dia. talvez no fundo eu saiba o motivo, talvez eu nem faça ideia do porquê, mas é que tem tanta coisa que eu gostaria de gravar e falar sobre você…

talvez eu devesse começar falando que sou obcecada pela sua voz, é a coisa que eu mais vou sentir falta. gostava também da forma como vez em quando você me olhava, como se quisesse me desafiar a dizer todas as coisas sobre você que estavam passando na minha mente. e se você perguntasse, diria que gostava de como minhas mãos se encaixavam bem nas suas, gostava do jeito sem papas na língua em que você me jogava uma cantada sacana bem pá-pum, mesmo que eu fingisse ficar mais sem jeito do que realmente estava, só para ver como você iria agir, é que eu ficava encantada com sua forma de ser e preferia apenas ver você agir assim do que agir de volta também. talvez eu devesse ter agido…

eu diria também que gostava muito do seu jeito de pensar, de encarar a vida e os sentimentos e em como eu gostaria de ser mais como você. foi isso  inclusive, que mais me chamou atenção em ti. eu te admiro pra caramba, não sei se você sabe, mas espero que sim. eu adorei conhecer tudo o que você se deixou me mostrar, vou lembrar até do que você nem imagina, espero que você se lembre um pouquinho de mim também, com doçura. e espero que eu tenha conseguido aprender contigo tudo o que se possa conseguir nesse pouco tempo de convívio, duas semanas é pouco demais. eu também diria em como eu amei aquele dia na sua casa, cada detalhe. amei sua cara de chapada, a bandeira no seu corredor, o seu quarto que perfeitamente poderia ser o meu, o seu livro de feitiço, o seu desenho preferido, suas pedras na janela, o espelho em forma de sol. amei sua sala aconchegante, a sua cama gostosa de deitar, eu acho que fiquei tão bem lá… mas o que mais gostei foi ter dormido com você nos meus braços, acho que já te disse que você é boa de abraçar, né? só sinto por ter respeitado demais o que foi a primeira e última chance de ver seu mundo e você mais de perto. eu acho que vez em quando, eu não sei demonstrar tão bem. queria ter passado aquela noite toda te beijando, até pensei em te acordar para isso, mas você estava cansada e a gente sempre acha que haverá uma próxima vez, não é mesmo? infelizmente não houve. e agora, dias depois, eu fiquei apenas com a glimpse of us

mas se houvesse uma próxima vez, eu te beijaria sem pensar duas vezes, do primeiro “oi” até o último “preciso ir”. se eu tivesse mais um vislumbre da gente, te beijaria o tempo todo, só para antes de você ir embora pra sempre, deixar gravado em mim o teu gosto.


quarta-feira, 26 de março de 2025

bad day. bad century.

não quero comer, não quero falar, só quero uma garrafa de cerveja gelada e o silêncio para contemplar. quero me fechar em meu casulo, que as pessoas esqueçam meu nome, sobrenome e endereço. deletem meu número de celular, não sou tão difícil assim de esquecer… me deixem esquecida num canto qualquer, quero apenas o escuro da sala, tocando música triste de bar. quero ser esquecida para ver se assim paro também de lembrar. de momentos, de pessoas, de prazeres, de vontades, de desejos, de anseios, de fracassos e devaneios. quero fechar a biblioteca da memória e nunca mais pegar nenhum livro de lá. se eu tivesse um pedido, um único pedido a realizar, seria que meu mundo se reduzisse a músicas, artes, livros e cervejas, que mais preciso eu para viver? não hei de morrer de amor e nem viver dele também, me isolem de vez, assim nenhuma nova dor de cabeça vem.

rotina.

despertador

pé depois de pé 

banho

escova de dentes


roupa atrás de roupa 

café da manhã 

arruma o cabelo

sai de casa


trabalho

trabalha

almoça

vai embora


casa.

surta

chora

grita


escreve

respira fundo

vezenquando dança

perde a esperança 


a paciência também.

dorme.

acorda.

e começa de novo.


looping. 

segunda-feira, 24 de março de 2025

jogando ao vento.

e o que mais eu posso fazer?

o que mais eu posso falar? 

além de tudo bem, vai lá… 


mas não, não está tudo bem.

nem aí, nem aqui

mas por motivos distintos


queria ter tido mais tempo,

queria ter tido mais toque e conhecimento

antes que tudo se fosse com o vento


mas a vida é mesmo assim

dá voltas e mais voltas,

só resta torcer pra gente se encontrar de novo em uma delas por aí…

quarta-feira, 19 de março de 2025

um conto pra virar realidade.

ouvir: monsure - outta my mind. 


coloca uma música na vitrola da sala, tira os sapatos, meias sobre o tapete. abre uma taça de vinho, aproveita e abre os dois botões da sua camisa listrada também, você quer se sentir confortável. você me chamou para sua casa, para conhecer seu mundo particular e resolveu me apresentar aquele seu eu que quase ninguém vê, aquele seu eu relaxado, que há muito tempo deixou de ser. hoje você é.

estou sentada no sofá enquanto te observo e você me diz para sentir a música, fecha os olhos, levanta a cabeça e sorri enquanto dança consigo mesma levantando sua taça sobre aquela meia luz amarela. e é tão bonito te ver assim.

você me segura pela mão e me puxa para você em um convite mudo para que eu adentre sua loucura, seu momento de lazer. não sei porque escolheu se mostrar tanto assim, logo para mim, mas eu aceitei.

estamos rodopiando pela sala enquanto a música não para. já estamos altas daquele vinho e o mundo parece explodir em um caleidoscópio colorido. 

não temos mais horas, não temos mais espaço nem tempo, temos apenas eu e você, dançando sozinhas e uma com a outra, celebrando em um brinde mudo o quão bom é estar aqui. que bom que você me chamou, que bom que eu vim e quis ficar. não quero que a música na vitrola pare de tocar, nem que paremos de dançar, que continuemos rodopiando pela sua sala até cairmos no sofá, derramando um pouco de vinho tinto mas com a boca a centímetros de se tocar, nem ligamos. meus olhos nos seus, descem até seus lábios, o vinho escorre para o chão e eu provo dele em sua boca. 

o mundo gira a nossa volta e tudo é intenso e lento naquela sala enquanto nós nos descobrimos, quero te paralisar em mim, antes que você se mova.


se estava difícil te tirar da minha mente, imagina agora que sei o gosto que você tem… acho que quero me viciar.

terça-feira, 18 de março de 2025

reinventar.

não. eu não quero mais esse misto de sentimentos e sensações acabando comigo. não! eu não quero criar teorias, conspirações, dar asas a paranóias e minhas próprias ilusões, quero saber que eu sou eu e que sou incrível. não quero mais duvidar de mim, me dizer que não sou capaz ou boa o suficiente. porque eu sou. a vida é bonita demais e eu não quero mais perder tempo. quero segurar a mão de quem queira segurar a minha, quero voar em mil e um pedaços de mim por aí, me reinventando, agarrando a chance de ser um eu diferente em cada lugar. quero sorrir para vida enquanto ela me sorri de volta, quero esvaziar o baú das memórias. quero lembrar apenas do que me foi bom e quero enche-lo de novo com isso. quero gritar ao vento que sou incrível e quero que as pessoas certas enxerguem isso. não quero me oprimir para caber, não quero estar tão presente para me fazer invisível. quero apenas a dose certa para ser e deixar ser. 


espero que em algum momento alguém queira ser comigo também.

segunda-feira, 17 de março de 2025

versinho da frustração.

esse caos que bate do nada em meu peito

como chuva de verão que vem sem avisar

e inunda tudo,
como quem o mundo vai destroçar 


não quero ver, não quero falar

não quero pensar, não quero sentir

quero duas doses de gim,

um brigadeiro e um cafuné para acalmar


está chovendo lá fora 
e tudo o que eu quero fazer é fugir

talvez eu nem tenha percebido 

porque a chuva começou é dentro mim. 

segunda-feira, 10 de março de 2025

inspirações de uma nova madrugada.

como uma brisa de um dia fresco de verão
você me apareceu.
de reprente e revigorante, trazendo um novo ar
pra me lembrar como é viver,
com outro ser humano

uma noite, uma madrugada, uma conversa
quatro horas da manhã e você me quer ao seu lado
calma meu novo flerte, desacelera meu quem sabe amor
tenho que conhecer teu terreno
pra evitar novos hematomas e dor

você diz que não cai em golpes
enquanto eu fui golpeada demais
todo cuidado é pouco para quem sente demais
mas contraditória, com lua em peixes que sou,
cá estou eu escrevendo sobre algo que nem sei aonde parar eu vou

quem sabe nos teus sonhos, na nova banda que você descobriu?
no bar do centro que você vai, em uma folga num dia par?
ainda não descobri esse meu novo eu
nem as torturas e delícias  de ser quem ele é
mas em meio a tantos golpes, escolhe cair quem quer

descobri que talvez,
seu precipício seja um bom lugar para parar.