quinta-feira, 5 de maio de 2016

Constant Conversations.

Eu tenho conversado comigo mesma e a única certeza que eu tenho são as feridas que deixam em nosso coração. Ainda mais aquelas que não há motivo, aquelas que nunca se vão.

Faz um tempo frio agora no fim de abril e acho que em maio virá uma nevasca que jamais se viu. Eu me embrulho em um cobertor enquanto aquele velho blues toca na pequena vitrola da sala de estar e já não ouço mais os barulhos da rua lá fora. Já é madrugada, eu olho pro teto e olho pro chão, suspiro e constato: só sou mais uma bagunça com um nome. Abro a geladeira a noite inteira e pego algumas daquelas garrafas verdes de cerveja, às vezes me falam que beber não é muito legal mas se você não sabe para onde ir ou para onde as pessoas vão, não importa que o caminho gire um pouco. Às vezes é preciso girar e girar pra se encontrar. Ou perder. Perder-se. Achar-se. Talvez dê no mesmo. E sim, algumas coisas tem me machucado, outras eu já nem sei se me importo mais então sim, às vezes eu só quero dizer o que eles dizem e fazer o que eles fazem, ser mais uma comum inconsequente sem meus valores diferentes. Às vezes eu só chuto o pau da barraca da minha sanidade e mergulho na mais límpida boêmia mas isso não significará coisa nenhuma; Eu paro novamente e converso mais comigo: fale o que quiser, grite ou cante - qualquer canção, - e dane-se os vizinhos. O vento gelado veio por entre a janela batendo nas árvores e ele parece sussurrar um nome, usar um perfume, de um alguém que já não vejo há muito tempo. Sim, ele está cantando um alguém pelas folhas espalhadas pelo outono, talvez só porque eu talvez precise de alguém, eu também sei que um dia eu vá precisar de algum lugar para ir mas tem coisas que nunca se vão de mim. Agora estou em pé na cozinha com minha calça moletom cinza e uma blusa da minha banda preferida, apoiada na bancada pensando "mas que droga menina!"onde será que foram parar meus sonhos? Vinte segundos de coragem era preciso mas nem sempre a gente tem o que se precisa. Eu preciso de um monte de coisa. Você também, eu sei. Todos nós. Estou derramando minha bebida e pelo ralo da cozinha eu a vejo ir embora assim como sinto minha vida se esvair por entre minhas mãos, será que com todos é assim? Eu não quero sair da estrada por apenas alguns obstáculos no caminho, eu quero botar no papel, botar em minha pele todas as coisas que eu sinto e tomar o tempo que eu precise para finalmente saber aonde e como ir,

Eu tenho conversado comigo mesma e quanto mais eu falo mais eu vejo que não há quem se importe em escutar. E nessa conversa constante é que eu vejo que às vezes mais vale uns machucados injustos dentro de si para perceber que ninguém irá lhe ouvir melhor que você.


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