domingo, 16 de julho de 2017

Um conto sobre uma noite que ainda quero viver.

Vestida de preto da cabeça aos pés com a visão meio embaçada, copo em uma mão, ando por entre as pessoas esbarrando em todos esses corpos, até nossos pares de olhos se encontrarem. Sorrisos sedutores trocados, vontades imensas, uma música que agrada os ouvidos, a mesma vibe, meu caminhar de vilã de cinema até você, oitudobem, conversa ao pé do ouvido, dança sensual. Te empurro para o canto escuro da direita, tento pegar você. O movimento não para e a noite não está tentando ser mais jovem porém nós sim. Você desvia e sai andando, eu me sento e você vai dançar, joga charme, faz de tudo para provocar, eu só observo caindo de quatro nesse jogo. Eu digo: sente-se ao meu lado, encare as coisas de forma natural, hoje pode ser uma noite selvagem você tem a minha atenção, é só pegar a minha mão. Você então a pega. E se senta, mais palavras trocadas até passarmos por entre os corpos suados, não temos regras nem leis, não nos importamos se nunca havíamos nos visto antes, nossos corpos ganham vida e fazem o movimento que querem fazer, logo estão perto demais e mais alguns segundos depois, o gosto da vodka em minha boca finalmente encontra o de chiclete de menta da sua e mesmo em meio a música alta eu juro, eu pude ouvir o som dos fogos de artifício lá fora.

Se separar ainda não é uma opção mas ainda há muito mais para aproveitar, então eu pego a sua mão e saímos do cubículo escuro para dar de cara com o fim de noite lá fora. Pulamos em monumentos, tiramos fotos em estátuas, viramos algumas garrafas de cerveja, acordamos os prédios com nossa gargalhada alta, pois já dizia um velho ditado: não tem graça ser fora da lei sozinho. Trocamos nossos hálitos de novo e é tudo tão bom, você é um fósforo e eu me sinto a gasolina. Eu quero queimar com você. Mas minha caminhonete nos espera, pronta para protagonizar a cena de um filme nem tão clichê. E nós protagonizamos. Nós nos sentimos selvagens, descoladas, infinitas. Você me pede para te levar para qualquer lugar, não quer que essa sensação acabe e nem eu. Então eu te levo para conhecer o meu pequeno apartamento no centro da cidade. O tom do céu está ficando mais claro e lembra do que eu disse sobre queimar mais cedo com você? Bem, hoje é o sol que se sentirá ofuscado pela luz do fogo que vai sair daquele quarto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário