terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

entrelinhas do tempo.

os dias tem se arrastado, e o gosto amargo do cigarro, tem sabor das cinzas de abril de dez anos atrás. faz tanto tempo e de tempos em tempos eu revisitava as memórias, como quem abre a porta da geladeira buscando o que comer - ou o que comprar, - como quem anda pela sala de estar empoeirada da sua velha casa de infância e lembra de quandobateu o dedinho na quina do sofá. mas dessa vez não. dessa vez, num dia ensolarado de fevereiro, em meio a uma risada que nem chegou a se completar, a nostalgia se fez tão forte, tão presente, que eu quase posso sentir você aqui comigo de novo. a presença de quando você era por mim e eu por você. e eu, como quem não sabe dançar, deixo a vitrola tocar os mais lindos discos de amor que eu já ouvi: todos sussuram seu nome. e ele é doce de escutar.

já faz muito tempo amor e até eu, que vira e mexe, de tempos em tempos, perco um dia ou dois pra revisitar as memórias, não entendi o que houve dessa vez. é quase como se eu pudesse sentir meu coração pulsar no exato segundo em que me dei conta que era apaixonada por você. então no segundo seguinte, esse músculo vermelho pulsante em meu peito se encolhe ao relembrar da dor que foi ver você partir. uma montanha russa agridoce de emoções que me trilham um caminho, que me leva diretamente a dez anos atrás.

dez.
dez anos.
dez anos atrás.

e toda vez que eu me lembro, parece que foi ontem.
como posso te sentir tão perto, se nunca esteve tão distante?

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