domingo, 5 de setembro de 2021

R.

depois daquele diário inventado onde eu fiz um mundo nosso que não podia existir, acho que eu nunca te escrevi nada. e agora ouvindo uma música que me lembra você, é doce o sorriso que surge em meu rosto e as lembranças que povoam a minha mente. não que tenha sido mentira, longe disso aliás, mas aquele tempo soa como mentirinhas bobas contadas ao pé do ouvido, aquelas em que a gente conta porque quer acreditar que tudo aquilo vai dar certo. e eu acho que foi assim que tudo começou.
eu criei um corpo, uma imagem para me camuflar e poder aparecer. mas você apareceu também. de um jeito que eu nem imaginava você surgiu e pergunta por pergunta eu quis que desse certo. mas você não podia saber e assim, desde sempre tudo estava fadado ao fracasso. mas eu ainda lembro das histórias contadas, das horas passadas no telefone, da raiva que eu sentia ao ouvir você me falar de quem podia te ter tão perto e insistia em estragar tudo. lembro do seu encantamento, da gente olhar a mesma lua brilhante como algum tipo de conforto. do jeito em que eu nunca quis te magoar mas insistia em não te largar. lembro de doces frases sendo ditas e daquela música com esse nome também, lembro dos ciúmes e da confusão que foi me revelar. pra você, pra ela, pra mim, pro mundo.

não sei se algo de mal eu causei mas te peço perdão. e eu não me arrependo. não me arrependo de esbarrar o meu caminho no teu. ainda que nossas músicas sejam diferentes, ainda que os milhares de quilometros façam a distância entre nós, ainda que nada seja mais o mesmo, ainda que no tempo não dê pra voltar, apesar de nunca o tê-lo visto, não me arrependo de saber que a lua não seria a mesma sem o teu olhar.

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