quarta-feira, 28 de setembro de 2016

sobre o futuro que eu queria estar vivendo agora.

se a vida fosse justa, você depois do trabalho passaria em minha casa, jantaríamos em meio a conversas e risadas, descobriríamos mais sobre o modo de ver a vida uma da outra e por fim, eu estaria acabando de transar com você agora.
depois de enchermos a cara - você com seu vinho, eu com minha cerveja de garrafa - e de deitar e rolar por horas, vestiria minha calcinha box e minha camisa preta do arctic monkeys e só. depois iria para a sacada do apartamento que aluguei no mês passado em um sobrado no centro da cidade. meus cabelos curtos bagunçados pós sexo voariam junto com a brisa fresca da madrugada, eu acenderia um cigarro, mesmo que eu não fume e observaria a rua deserta iluminada somente com a luz amarela dos postes da cidade. deixaria o cigarro descansar em minha boca, porque eu nunca trago, gosto apenas da sensação do amargo em minha boca, mesmo que eu deteste o gosto. acho que é porque ele me deixa mais relaxada. apreciaria cada partícula do gosto daquele tabaco para depois então observar sua fumaça abandonando minha boca e indo fazer sua dança com o vento. estaria em paz numa tranquilidade longínqua enquanto você está lá deitada nua em minha cama, depois de ter gozado o quanto quis. eu apoiaria o pé direito sobre a perna esquerda e me debruçaria sobre o ferro preto da sacada, olhando o céu estrelado enquanto uma coruja passa. lá embaixo, jovens bêbados passando rindo solto e quebrando garrafas de vodka nas calçadas. eu sorriria de lado e manearia a cabeça negativamente pensando “jovens” e depois, pensaria em quando fiquei tão velha… mas será que eu estava tão velha assim afinal? talvez não seja uma questão de idade, talvez seja uma questão de mente, os talvezes são muitos em minha memória, desde que consigo me lembrar e me entender por gente. terminaria o primeiro cigarro enquanto pensava nisso, para logo acender outro em seguida. gosto da calmaria que cigarros vez ou outra me trazem. eu pensaria no que fiz com a minha vida até o presente momento e sorriria de lado. não foi nenhum exemplo, eu sei, pelo contrário, foi uma bagunça total! mas eu estaria bem afinal, eu sempre preferi ter paz do que ter razão.
nesse momento você me abraçaria por trás ainda nua e me diria “vem que eu ainda quero mais” e sacana que sou, sorriria de lado novamente, jogando meu charme, te olhando de cima a baixo pelo canto do olho e depois de uma última tragada fingida no cigarro - que já quase queimava meus dedos - viraria para você. “vem que a gente faz” você me ouviria dizer. daria um último gole na garrafa de cerveja que estava na mesinha ao lado, enquanto você me puxa pela mão de volta ao nosso ninho.
eu estaria pronta para te fazer gemer outras vezes e te fazer suar e gritar o meu nome para a cidade adormecida inteira ouvir. 

mas a vida não é justa e eu tô aqui escrevendo sobre as coisas que eu gostaria de viver com você, sem saber se você também quer.

Um comentário:

  1. A vida é sim, injusta, na maior parte das vezes.
    Mas de vez em quando, podemos até nos surpreender. ;)

    Beijão!
    Blog: *** Caos ***

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