segunda-feira, 15 de julho de 2013

Retrocesso Imaginário.

Desci a ladeira da esquina mais silenciosa do bairro com as mãos no bolso do casaco e com o capuz na cabeça. Se fosse em outros tempos eu me preocuparia em andar na rua tão tarde da noite mas hoje eu só precisava de algo que me fizesse fugir um pouco de tudo o que eu conheço, de tudo o que me enche a cabeça no dia-a-dia.
 Andei até meu rosto começar a ficar gelado - efeito do vento frio da noite - e ainda mais um pouco, e mais um pouco até minhas pernas me levarem inconscientemente para um bar qualquer. Bebi até o dinheiro que eu tinha conseguiu pagar. Queria acordar de manhã com uma ressaca para me preocupar e continuei andando de volta pra casa aos tropeços, pensando que pode até ser erro o meu querer você ou ser erro seu não me querer mas que a minha vontade no momento era meio grotesca confesso, eu só queria te chamar pra aquele bar, te puxar pelo braço e dizer que és tu, tu que está o tempo todo comigo: está quando eu abro os olhos ao despertar pela manhã, no vento que entra pela janela e toca o meu rosto, quando eu faço o chá, quando eu respiro, quando eu faço o almoço, quando eu me agasalho numa noite fria, quando encontro um livro bom, quando escuto uma música que fala de amor, quando eu me deito pra dormir, quando eu fecho os olhos, quando eu sonho, quando eu olho a cidade pela varanda. Que és tu, só tu, e te perguntaria o porque de não ser eu pra ti também balançando a cabeça e dizendo que agora aquilo já não importava mais e lhe tascaria o beijo mais apaixonado que eu pudesse dar sem me importar com o que você pudesse fazer ou falar depois. Eu só queria agir. Só isso.
Já passavam das quatro horas da manhã e eu só queria um copo de água e dormir mesmo sabendo do sermão que eu ouviria logo ao acordar. Respirei fundo, abri um sorriso de lado sem vontade, suspirei e abri o portão do meu prédio.
Não que eu estivesse preparada para voltar a vidinha que eu levava todos os dias, mas eu tinha que voltar. A diferença é que hoje eu tinha a desculpa de uma ressaca para me preocupar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário