sexta-feira, 11 de abril de 2014

O eu tão errado...

Eu que não tenho cor, não tenho som, não tenho gosto, nem dom. Não tenho timbre, não tenho voz. Eu.
Eu que não tenho nada, que não tenho ninguém, eu tão sempre só.
Eu que cresceu na pequena luz de uma escuridão, eu que desejou ser o alvo de algum afeto, alguma paixão. Eu tão só.
O eu tão singular que agora só sabe se ver no teu plural. Mas por ter sido tão eu desde o útero, acabou por ser tão besteira. Asneira, bagaceira, tudo menos brincadeira. Eu tão eu.
Eu tão triste, tão sentimental, tão doída, tão dolorida.
Eu. E tu.
Plural.
Nós. Tão a sós, tão nós. Tão eu querendo o teu tu.

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