quarta-feira, 17 de setembro de 2014

20 anos.

20 anos.
E a sensação que eu tenho é de que já morri por dentro. Ou de que morro um pouquinho a mais dia-após-dia. Vinte anos, e o que eu fiz até agora? O timbre de uma voz desconhecida fica ecoando em minha mente dizendo: nada. E é nisso que eu estou me transformando há 20 anos: em um grande nada. É, eu sei, chega a ser engraçado e um tanto melodramático alguém com tão pouca idade dizendo isso, mas ninguém faz ideia do peso que esses 20 anos tem nas minhas costas. Nada é tão fácil quanto parece e se já está assim agora, imagina quando chegar os 40. É triste que pelo menos no único dia que eu deveria ser mais feliz, é o que eu me sinto pior. Tudo sempre dá errado e ele só é um lembrete de que a velhice está chegando e de que eu não passo de um erro. Eu também sei, eu deveria sorrir, mas a vontade que tenho é de sei lá o quê, menos isso. Sou um erro ambulante que vaga sem destino por aí, não vejo uma forma de ser importante e gostaria de não me sentir assim.
Vinte anos, e tudo o que eu tenho são sonhos e a incapacidade de não conseguir colocá-los em prática. Comodismo demais ou insuficiência mesmo? Não consigo dizer, será que alguém saberia? E engana-se quem pensa que gosto de dizer essas coisas e de me sentir assim, no entanto também não consigo não fazê-los. Não é possível ver as qualidades quando só nós fazem enxergar os defeitos. Sigo sendo um paradoxo inconstante há duas décadas. Cheia de porquês sem resposta alguma, talvez.
Vinte anos, e me sinto tão perdida quanto uma criança sem a mãe por entre uma multidão, aliás já sou adulta né? Mas ainda insisto em ver o mundo com meus olhos de criança, talvez esse seja o meu erro, talvez isso seja minha salvação. Ainda pretendo descobrir. Pretendo descobrir tantas coisas aliás, só não sei se sou capaz de conseguir. Tenho medo de não crescer, mas preciso fazer alguma coisa para que isso comece a acontecer. Só não sei por onde começar e não tem nenhuma mão pra ajudar, mas dedos apontados em meus rosto fazendo cobranças e apontando meus erros, isso tem de sobra, meu par de mãos seriam pouco para mostrar. Mas enquanto penso o meu tempo vai se esgotando. Vinte anos, e eu só queria de algumas coisas não lembrar, acontece que eu nunca fui de esquecer. Vinte anos, e sinto que esse será o pior dos aniversários: sem dinheiro, sem companhia, quase ninguém irá lembrar e o único presente que eu mais queria - tua presença - eu não irei ganhar, eu sei, mas dispenso as felicitações falsas. Ainda sou daquelas que prefiro ficar só do que mal acompanhada. Vinte anos, e eu vou voltar  pra minha solidão enquanto ouço de longe as vozes começarem a me cobrar. É hora de colocar em prático o velho sorriso amarelo e fingir que tudo está bem, afinal, ninguém quer saber e as pessoas acreditam mais se você mentir.
Enfim, parabéns pra mim. Ou nem tanto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário