segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sobre Vontades E Devaneios.

Pensei, pensei, pensei e pensei. Ha anos que minha vida tem sido só pensar. Sempre fui obrigada a crescer antes do tempo, talvez este seja o motivo do meu acomodamento atual. Talvez não. O fato é que sempre pensei no que minha mãe me diz desde criança. Que é o que toda mãe quer: você tem que estudar, passar no vestibular, fazer uma faculdade que seja bem sucedida e ganhar dinheiro para ter uma vida boa e feliz. Não seria nada mal ter uma vida assim mas não consigo imaginar uma forma de ser verdadeiramente eu. Eu teria dinheiro e poderia ter o conforto e divertimento que quisesse entretanto não teria tempo para isso, eu viveria para um trabalho que não seria a minha paixão.  Não fui a criança que deveria ter sido e não aproveitei tanto a adolescência  por pensar demais nessas coisas e acabei perdendo tempo e não fazendo nada. Então pensei - como o de costume -  no que fazer com o resto. Pensei em mim, pela primeira vez, pensei no que eu quero. E eu quero tanta coisa... Mas fui pega de surpresa. Entre tantas coisas que eu poderia ter, entre tantas vidas que eu poderia viver, por ora,  escolhi o simples. E eis aqui a minha escolha.
Se, pelo motivo bizarro que fosse, eu pudesse escolher como estaria a minha vida daqui pra frente eu escolheria o seguinte: me mudaria para Porta Alegre deixando tudo para trás. Eu sempre admirei esse lugar e sempre gostei do frio, juntaria o útil ao agradável. Alugaria um apêzinho no estilo"adolescente morando sozinho" com todo o conforto de uma simplicidade, onde haveriam um video-game, instrumentos espalhados pela casa, uma cama de casal só para mim e uma cozinha onde houvesse algumas guloseimas com a geladeira com bastante refris e cerveja Stella Artois. Um típico lar adolescente em um bairro boêmio. Aquele bairro com barzinhos e parques onde só houvesse pessoas que aparentam gostar de boa música, ser bons amigos e gostar de boas bebidas. As aparências enganam, é claro, mas são elas que primeiramente nos atrai ou não e seria elas que iriam me atrair a esse bairro. Enfim, eu não teria o emprego dos meus sonhos mas viveria de algo que eu pudesse fazer, algo que eu entendesse e ficasse contente e seria dele que eu tiraria o meu sustento. Trabalharia das dez até ás cinco ou seis da tarde e voltaria para casa, tomaria um banho, me jogaria no sofá e tocaria minha viola. Mais tardar eu colocaria meu jeans preto rasgadinho e minha jaqueta também preta de couro e sairia pelo bairro afora. Caminharia um pouco e o frio sairia em forma de fumaça pela boca e apareceria no gelar dos dedos e seria a hora perfeita uma uma cerveja. Teria muitas em casa mas ainda não estaria preparada para voltar então pararia no bar que toda noite eu costumaria olhar em meus passeios. Seria a primeira vez que estaria ali mas gostaria tanto que voltaria tantas e tantas outras vezes. Toda noite seria assim: enquanto bebo, belisco uns petiscos e vez ou outra fumo uns cigarros olharia o movimento, e saberia que quase toda noite, aquela loira de estatura mediana e com muio rímel nos olhos frequenta o bar, assim como eu. Às vezes vem só, às vezes vem com amigas. Saberia também que o bar, não importa que dia da semana seja, sempre estaria com bom movimento - o que seria uma das coisas que eu mais gostaria - e que as pessoas que o frequentam são um tanto belas de se admirar pois são sempre grupos de amigos se encontrando depois do trabalho para tomar cervejas e relaxar depois de um longo dia. E cada um teria seu jeito, suas características. E isso me faria imaginar como cada um seria  fora dali (nem em hipóteses eu consigo deixar de imaginar, pensar e sonhar).
Eu voltaria para casa e dormiria. Essa seria a minha rotina e mesmo que eu nunca tenha sido uma fã de rotina eu iria gostar de ter essa rotina. Eu não teria amigos, (mas isso mudaria depois de mais algum tempo) mas conhecidos eu teria aos montes, mesmo sem ter muito tempo na cidade e talvez, se eu tivesse sorte alguém acabaria reparando em minha solidão todas as noites nos bares e depois de me observar por mais noites, tomaria coragem de falar comigo. A questão é que eu nunca fui muito de ter sorte então eu não sei se isso realmente aconteceria mas se acontecesse, seria alguém assim como eu: só. Alguém que estivesse acostumado a solidão mas que por dentro desejasse ansiosamente por alguém tão só quanto ele, que fosse capaz de entender a dor e a beleza de sua solidão. Eu não saberia se daria certo seja lá qual fosse o rumo que as coisas tomariam, mas se eu pudesse escolher, ficaria feliz em pela primeira vez na minha vida poder ser eu sem ter muito no que pensar, sem tanta dificuldade, sem ter tanto com o que me preocupar. Ficaria feliz em ser apenas eu. Eu, minha solidão e minha simplicidade.

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