segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Verdades.

O meu rosto de frente pro espelho não esconde as olheiras nem o cabelo despenteado.
Eu já não me reconheço.
Não consigo lembrar de como eu era a alguns anos atrás mas lembro que naquele tempo eu sorria mais. E ria mais.
Não sei se eu era feliz.
Vai ver eu era e não sabia.
Agora me encontro perdida, arrumando casos de botequim e amizades vagabundas tentando encontrar algum consolo.
O mundo gira a 220km por hora e eu só sei caminhar.
Tempestade de momentos dentro de mim.
Lembranças borrões e eu não quero mais lembrar.
Deixei meu passado tentando me encontrar.
Os papéis voaram pela janela.
O vento já não toca mais meu rosto.
O mundo me parece imundo e eu não quero isso pra mim.
Tudo se desencontrou e agora está confuso
Mas não consigo me lembrar de um momento em que não fosse assim.

Sonhando...

Eu já quis ser astronauta, advogada e detetive. Toda criança quer ser algo assim. Todo mundo quer ser quase tudo. Eu já quis ser um monte de coisa. Agora eu quero ser bruxa.
Quero murmurar feitiços, voar em uma vassoura e preparar poções. Nada de nariz grande nem verruga. Quero ser capaz de transformar tristeza em alegria, dor em prazer, solidão em companhia e ser capaz de preencher todo o vazio que puder existir.Tudo se ajeitaria em um passe de mágica. Ou melhor, em um gole.
Não haveria esse sentimento de não poder fazer nada, pois eu sei que existem coisas que só a mágica resolveria. Mas eu já não sou mais criança e em mundo de adulto quase não é permitido sonhar. Pelo menos assim. Então eu segui arquitetando e construindo cada pedacinho da minha Terra do Nunca. E continuo seguindo... seguindo com meus quase vinte anos e toda uma cidade de sonhos que um dia ainda vou realizar. Não importa se eu for criança ou não. A gente tem a idade que a gente quiser e por mais que possa parecer, sonhar não é proibido. Sem sonho a gente não chega a lugar nenhum.
Hoje eu quero ser uma rockstar e um dia eu chego lá, só não deixo de sonhar...

domingo, 22 de setembro de 2013

Salada de Fruta.

Eu aposto nas ameixas.
E aposto nos morangos também.
Aposto nas laranjas,
Nas uvas,
Nas carambolas
Das minhocas
Dos pensamentos da tua cabeça.
Eu aposto na framboesa do teu beijo,
Nas amoras, no cacau e no caju.
Eu aposto nas jabuticabeiras, nas jaqueiras e nas bananeiras.
Aposto no azedo do limão e no doce do melão.
Aposto nas mangas,
Já que são delas que eu gosto.
Aposto no pêssego da pitanga
Da tua pulseira de missanga
E aposto no preto da semente de melancia.
Aposto no vermelho da cereja do teu bolo que sou eu.
E acima de tudo,
Até mesmo dessa salada de fruta,
Eu aposto em ti,
A moça do cabelo cor de caqui.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sobre Vontades E Devaneios.

Pensei, pensei, pensei e pensei. Ha anos que minha vida tem sido só pensar. Sempre fui obrigada a crescer antes do tempo, talvez este seja o motivo do meu acomodamento atual. Talvez não. O fato é que sempre pensei no que minha mãe me diz desde criança. Que é o que toda mãe quer: você tem que estudar, passar no vestibular, fazer uma faculdade que seja bem sucedida e ganhar dinheiro para ter uma vida boa e feliz. Não seria nada mal ter uma vida assim mas não consigo imaginar uma forma de ser verdadeiramente eu. Eu teria dinheiro e poderia ter o conforto e divertimento que quisesse entretanto não teria tempo para isso, eu viveria para um trabalho que não seria a minha paixão.  Não fui a criança que deveria ter sido e não aproveitei tanto a adolescência  por pensar demais nessas coisas e acabei perdendo tempo e não fazendo nada. Então pensei - como o de costume -  no que fazer com o resto. Pensei em mim, pela primeira vez, pensei no que eu quero. E eu quero tanta coisa... Mas fui pega de surpresa. Entre tantas coisas que eu poderia ter, entre tantas vidas que eu poderia viver, por ora,  escolhi o simples. E eis aqui a minha escolha.
Se, pelo motivo bizarro que fosse, eu pudesse escolher como estaria a minha vida daqui pra frente eu escolheria o seguinte: me mudaria para Porta Alegre deixando tudo para trás. Eu sempre admirei esse lugar e sempre gostei do frio, juntaria o útil ao agradável. Alugaria um apêzinho no estilo"adolescente morando sozinho" com todo o conforto de uma simplicidade, onde haveriam um video-game, instrumentos espalhados pela casa, uma cama de casal só para mim e uma cozinha onde houvesse algumas guloseimas com a geladeira com bastante refris e cerveja Stella Artois. Um típico lar adolescente em um bairro boêmio. Aquele bairro com barzinhos e parques onde só houvesse pessoas que aparentam gostar de boa música, ser bons amigos e gostar de boas bebidas. As aparências enganam, é claro, mas são elas que primeiramente nos atrai ou não e seria elas que iriam me atrair a esse bairro. Enfim, eu não teria o emprego dos meus sonhos mas viveria de algo que eu pudesse fazer, algo que eu entendesse e ficasse contente e seria dele que eu tiraria o meu sustento. Trabalharia das dez até ás cinco ou seis da tarde e voltaria para casa, tomaria um banho, me jogaria no sofá e tocaria minha viola. Mais tardar eu colocaria meu jeans preto rasgadinho e minha jaqueta também preta de couro e sairia pelo bairro afora. Caminharia um pouco e o frio sairia em forma de fumaça pela boca e apareceria no gelar dos dedos e seria a hora perfeita uma uma cerveja. Teria muitas em casa mas ainda não estaria preparada para voltar então pararia no bar que toda noite eu costumaria olhar em meus passeios. Seria a primeira vez que estaria ali mas gostaria tanto que voltaria tantas e tantas outras vezes. Toda noite seria assim: enquanto bebo, belisco uns petiscos e vez ou outra fumo uns cigarros olharia o movimento, e saberia que quase toda noite, aquela loira de estatura mediana e com muio rímel nos olhos frequenta o bar, assim como eu. Às vezes vem só, às vezes vem com amigas. Saberia também que o bar, não importa que dia da semana seja, sempre estaria com bom movimento - o que seria uma das coisas que eu mais gostaria - e que as pessoas que o frequentam são um tanto belas de se admirar pois são sempre grupos de amigos se encontrando depois do trabalho para tomar cervejas e relaxar depois de um longo dia. E cada um teria seu jeito, suas características. E isso me faria imaginar como cada um seria  fora dali (nem em hipóteses eu consigo deixar de imaginar, pensar e sonhar).
Eu voltaria para casa e dormiria. Essa seria a minha rotina e mesmo que eu nunca tenha sido uma fã de rotina eu iria gostar de ter essa rotina. Eu não teria amigos, (mas isso mudaria depois de mais algum tempo) mas conhecidos eu teria aos montes, mesmo sem ter muito tempo na cidade e talvez, se eu tivesse sorte alguém acabaria reparando em minha solidão todas as noites nos bares e depois de me observar por mais noites, tomaria coragem de falar comigo. A questão é que eu nunca fui muito de ter sorte então eu não sei se isso realmente aconteceria mas se acontecesse, seria alguém assim como eu: só. Alguém que estivesse acostumado a solidão mas que por dentro desejasse ansiosamente por alguém tão só quanto ele, que fosse capaz de entender a dor e a beleza de sua solidão. Eu não saberia se daria certo seja lá qual fosse o rumo que as coisas tomariam, mas se eu pudesse escolher, ficaria feliz em pela primeira vez na minha vida poder ser eu sem ter muito no que pensar, sem tanta dificuldade, sem ter tanto com o que me preocupar. Ficaria feliz em ser apenas eu. Eu, minha solidão e minha simplicidade.

Bordando Encanto.

Esqueci meu sorriso
Na estante mais alta da sala
Ao lado do soldadinho de chumbo
E da bailarina de cristal.

Fotografei a mais linda flor do meu quintal
Só para não esquecer
A coisa mais bela que eu já vi
Além de você.

Eu gosto tanto tanto,
Desse tanto
Que me faz querer
Ficar perto de você.

Já que foi você que secou
Esse tal pranto
Que teimou em não deixar
O meu peito bater.


Substantiality.

Corre, foge, grita. O telefone não chama, a campainha não toca. Tem coisas que eu já vi demais, tem coisas que eu cansei de ver. Eu já não durmo mais e já perdi dias no tanto faz. Tem coisas que eu quero esquecer. Cansei de só existir, vou tentar começar a viver.

domingo, 15 de setembro de 2013

O Alguém Que Não Aparece.

Ei, você, você mesmo! Você que acabou de chegar ou que quer chegar, chegou e quer entrar. Entra. Mas sem pedir licença, só entra, apenas entra. Entra e não tem medo. Entra e põe os pés na mesa, abre a geladeira e pede uma cerveja, me chama pra sentar do teu lado e me diz coisas loucas. Loucas e absurdas, porém sinceras. Diz que eu pareço um sonho, que tudo isso parece um sonho mas que você adora sonhar, ainda mas se for comigo. Abre o armário da cozinha e come o que tu quiseres. Pega outra cerveja. Me faz rir, me faz querer que tu nunca mais se vá, me faz sorrir e diz que meu sorriso é lindo mesmo que não seja. Me arranca um beijo, aquele beijo. Me tira o fôlego. Prende o meu ar. Me arrebate. Me leva pro arranha céu mais alto da cidade e fica olhando as estrelas comigo me contando os teus sonhos loucos. Me pergunta da minha vontade de revolucionar e diz que vai revolucionar junto comigo. Chega perto do precipício e me faz ficar com medo que você caia e ai me diz que se você cair, sabe que para lhe segurar tens a mim. Me leva pra uma tour pela redondeza e comete pequenas loucuras adolescentes comigo, me faça acreditar que eu posso tudo e que a terra do nunca existe. Me faz acreditar que seremos para sempre e me leva pra casa. Me abraça, abraça forte, não me deixa escapar. Sorri o teu sorriso mais bonito e vai embora, mas diz que vai voltar. Me liga, me procura, conversa conversas doidas, me elogia e deixa eu te elogiar. Só diga verdades e se tiver vontade de ir embora, vá. E vá logo, sem rodeios, mas espero que esse dia nunca chegue. Espero que você também espere pois antes disso tudo eu espero por ti, então apareça, do jeito que for, de qualquer forma, apenas apareça. Apareça pois já não aguento mais tanta solidão.

Passarinho.

Voa passarinho, voa.
Mas voa alto. 
Voa e se esquece daqui.
O céu, o infinito e o mundo são teus.

Teu cantar de alegria e teu amor são meus.
Voa, passarinho e faça de cada lugar bonito o teu lar.
Aproveita,
Já que o mundo é o seu ninho.

Voa passarinho, voa.
'Passarinho se não bate a asa logo pia'
Na canção de Tiê já dizia.
E eu sei que o que você mais quer é voar.

Voa, passarinho.
Voa, e começa a dançar com o céu.
Pois na valsa das nuvens,
Tu tens o mais lindo papel.

Afim de Ficar Afim.

Queria eu poder encontrar
Alguém com o tom mais doce de escutar.
Alguém dos olhos calmos
E da fala mansa.

Queria eu poder encontrar
Alguém que pudesse ver a lua dançar.
Queria poder desenhar o céu,
Fazer do mundo o meu pedaço de papel.

Queria comer o algodão-doce das nuvens,
Me encher com a porporina do sol e brilhar.
Queria eu, preencher o escuro do meu peito
Com toda a tua luz.

Queria eu poder encontrar alguém pra ficar,
Ficar e ser meu bem,
Ficar e me querer bem
Pr’eu querer bem também.

Mas onde eu poderia lhe encontrar?
Apareça!
Apareça e me conquiste.
Faça um rombo e dilacere as entradas de meu coração.

Apareça e abra caminho até mim.
Faça do momento o momento certo.
E vê se imita Magalhães e planta um carinho
Nesse meu peito inquieto.

Tira meus pés do chão,
Me leva pro céu
E faz assim,
Aproveita que eu tô afim de ficar afim. 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mundo Careta.

Queria ser o compromisso de alguém. Queria me compromissar com alguém. Queria me comprometer com olhos, mãos, sorrisos, cabelos, cheiros, bocas, almas, mentes, corpos, corações. Nada de ilusões. Queria ser eu e apenas eu. Queria que tu fosse tu e apenas tu e que ele fosse ele e apenas ele. Vâmo deixar de lado essa coisa de ser todo mundo? Vamos apenas ser e deixar ser. Nada de ficar bisbilhotando e querendo mandar no outro. Vâmo pintar o cabelo de vermelho e o nariz de preto. Sair em meio a aula ou o trabalho e partir pro nosso lugar favorito? Vâmo juntar os amigos e viajar? Viajar hoje, viajar amanhã, viajar sempre. A vida é uma viagem e cá estou estou eu viajando. Vâmo fazer o que der na telha pois o dia que não poderemos fazer mais nada um dia vai chegar.
Mas esse tipo de coisa a gente só vê na caixinha preta que fica em cima da mesa e quando abrimos as portas são só caras feias. Bah, que mundo careta! Cara feia pra mim é fome e fome é o que não falta no mundo. Mas falta carisma, sinceridade, simplicidade, atitude, amizade e amor. Falta tanta coisa onde não deveria faltar quase nada.

Conversa de Botas Batidas.

  • A: Oi, tudo bem? Estava com saudades.
  • B: Oi, agora está. Tu é uma puta mentirosa.
  • A: Olha como tu fala comigo e como me trata!
  • B: Te trato como tu mereces.
  • A: Antes você não me tratava assim.
  • B: Antes eu não enxergava, eu era idiota.
  • A: Não tô te entendendo.
  • B: Ninguém nunca entendeu.
  • A: Então tá, tchau pra você, fica ai. Eu vou embora!
  • B: Vou ficar, é o que eu sempre fiz e o que tu nunca fez.
  • A: O que que eu nunca fiz?
  • B: Ficar.
  • A: Ficar?
  • B: É.
  • A: Onde?
  • B: Aqui. Comigo.
  • A: Você nunca pediu pra que eu ficasse.
  • B: Eu nunca pedi, porque tu nunca quis ficar.

O Que É.

Dias chatos,
Monótonos.
Noites amargas,
Azedas.
Escuridão,
Vazio sem fim
Rotina,
De merda
Minha vida,
É assim.

Felicidade?
Não sei o que é.
Amor?
Ainda não conheci
Afeto?
Não se vende por aqui.
Trágico,
O mundo é assim.

Muitos vão chamar de drama,
Eu chamo de realidade.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Navegando.

Deixo no cais
Parte do meu peito inquieto
Que insiste em
Não desistir

E com a outra metade
Vou navegando por ai
Com a velha história
Que ninguém quis ouvir.

Até eu atracar em algum lugar
Onde possam me escutar
E quem sabe assim,
Poder sorrir.


(...)

Me disseram que eu não podia errar
Então tentei uma,
Tentei duas,
Tentei três.
Tentei de novo,
Mas me disseram que eu não podia mais tentar.
Eu tinha que conseguir.
Ainda estou tentando
E me disseram que eu sou o fracasso da vez.


domingo, 8 de setembro de 2013

Melancolia.

Olheiras que vão até os pés
Pés que não vão a lugar nenhum
Nenhum lugar é melhor que aqui
Já que aqui pode ser em qualquer lugar.

Nenhum consolo
Cura minha dor
'Pois não há amor que valha a pena'
Como já dizia o bom Pethit.

Madrugada fria
Insônia solitária.
A vida vale muito
mas o mundo não vale nada.

Tarde ensolarada de domingo
A vida passa enquanto estou dormindo
Acordo fingindo
Que consigo sorrir.

Caos, vazio e turbulência
Desde sempre foi assim.
Ninguém desvenda o mistério
Que há dentro de mim.

Nem eu.

Cotidiano.

Ah menina, será que um dia você há de entender que o erro não está dentro de você?
Você corre,
Chora,
Grita
E sonha.
Berra,
Briga
E se apavora.
Que lutar, quer fugir
mas não sabe aonde ir.
E não vai.
Fica e se despedaça.
Corre.
Bate a porta.
Se descabela.
Volta,
Deita,
Dorme.
Acorda,
Olha pra janela e vê
Que em toda beleza há um problema
Mas que dessa vez talvez não seja você.

sábado, 7 de setembro de 2013

O Que Nunca Passa.

Sei que preciso escrever. Encher pautas e folhas em branco com minhas linhas tortas até a mão começar a doer, mas ainda não sei o que é. Ou não entendi. Ou ainda não consegui.  Há tanto dentro de mim que não consigo verbalizar... Então eu fumo, deito, olho pro teto, ouço música, vejo o céu pela janela, leio, durmo, bebo, enlouqueço. E te vejo um pouco mais dentro de minha memória. Confesso, tento esquecer teu rosto, teu riso frouxo, teus olhos castanhos a me fitar, teu cheiro bom... E não consigo. No fundo, eu não quero esquecer, mas sei que preciso. Eu me afastei eu sei, mas faria alguma diferença se eu te contasse? Contasse que queria preencher minha vida escura com as tuas cores, que ficaria imensamente feliz em tentar ao menos curar tuas dores e que quero participar dos teus dias desde o amanhecer até quando você se deitar? Não, não faria. Nunca faz. E eu já sei disso, já sou macaco velho e sei que isso não iria funcionar. Então fico aqui, com a  cerveja barata escondida na geladeira, com meus cigarros velhos, com os livros empoeirados na estante, com a insônia que insiste em me perseguir, com o café que não bebo, com o chá que ameniza o frio, com a tristeza que o fim de tarde trás, com as palavras que eu não consigo dizer e com você, que provavelmente, nunca irei ter.